O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
determinou hoje (1º) que as autoridades do Distrito Federal acabem com
regalias concedidas a condenados na Ação Penal 470, o processo do
mensalão, que estão presos em Brasília. Na decisão, Barbosa também
afirma que o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), não tem “disposição
para determinar a apuração dos fatos narrados”.
Desde o ano
passado, quando os condenados no mensalão começaram a cumprir pena nos
presídios do Distrito Federal, o Ministério Público denunciou a
existência de regalias, como alimentação diferenciada e dias de visitas
fora do período permitido. Em resposta às acusações, o sistema
penitenciário e o governador do DF responderam ao juiz Bruno André
Silva Ribeiro, da Vara de Execuções Penais (VEP), que não há tratamento
diferenciado aos presos.
O presidente decidiu que todas as
decisões tomadas pela VEP para garantir o fim de regalias devem ser
reiteradas. “Determino que sejam reiterados os ofícios pelo juiz
delegatário, bem como as autoridades em atuação nas unidades prisionais
implicadas observem todos os termos das decisões anteriormente
proferidas pelo mencionado juízo, de modo que sejam suprimidas as
diferenças de tratamento entre os detentos”, disse Barbosa.
O
caso chegou ao STF após a Corregedoria do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) abrir investigação preliminar
para avaliar a conduta do juiz na condução das execuções das penas dos
condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Diante da abertura
da investigação, o juiz se declarou impedido por motivo de foro íntimo
para analisar as questões relacionadas aos condenados. A investigação
preliminar foi aberta para apurar falta disciplinar do juiz ao solicitar
informações ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, sobre
regalias concedidas aos condenados no processo do mensalão.
No
despacho divulgado hoje, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou
que o magistrado não cometeu nenhuma irregularidade, apenas cumpriu o
dever de zelar pelo correto cumprimento das penas. O ministro também
determinou que Bruno Ribeiro seja mantido no cargo.
Em atitude de
claro desdém para com a autoridade judicial, e desconsiderando o fato
das irregularidades terem sido divulgadas amplamente e comunicadas pelos
órgãos do Ministério Público e Defensoria Pública em atuação junto à
VEP, o governador do Distrito Federal deu indicação clara da sua falta
de disposição para determinar a apuração dos fatos narrados e oferecer
solução para problema posto”, disse Barbosa.
A assessoria do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi procurada pela reportagem e ainda não se manifestou.
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