Em um ano, a visão do adolescente Alefe
Nogueira passou de perfeita para quase inexistente. Aos 13 anos, ele
está praticamente cego. Só enxerga feixes de luz. A causa do problema
não foi uma doença hereditária nem um acidente. O uso contínuo de um
colírio, vendido sem receita em qualquer farmácia, foi o causador da
perda de visão.
Alefe é um dos muitos jovens que ficaram
cegos ou com baixa visão após desenvolver um tipo de glaucoma causado
pelo uso inadequado de produtos oftalmológicos com corticoide.
A falta de controle sobre a comercialização
desse tipo de produto é alvo de críticas de entidades médicas. No mês
passado, a Sociedade Brasileira de Glaucoma editou um consenso
classificando esse tipo de glaucoma como o mais comum entre aqueles de
causa conhecida e, portanto, o mais evitável.
“O uso do colírio com corticoide pode ser
benéfico em muitas situações, mas seu uso crônico, sem indicação médica,
é o que traz problema. Quando usado por anos, o corticoide provoca
danos na estrutura do olho que levam ao aumento da pressão ocular, o que
pode causar cegueira”, explicou Augusto Paranhos Jr., professor
livre-docente da Escola Paulista de Medicina e coordenador do consenso.
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