A frustração nas projeções de crescimento da arrecadação levou o
governo a sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para
impedir novo corte de despesas discricionárias (não obrigatórias). A
decisão consta do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas,
documento divulgado a cada dois meses pelo Ministério do Planejamento,
que orienta a execução do Orçamento Geral da União.
O Fundo Soberano foi formado pelo excedente do superávit primário –
economia de recursos para pagar os juros da dívida pública – de 2008. A
poupança serviu como reserva, caso o governo precisasse fechar as contas
públicas. No fim de 2012, o Tesouro Nacional tinha sacado R$ 12 bilhões
para alcançar a meta de superávit primário daquele ano.
O saque do Fundo Soberano foi necessário para compensar parcialmente a
queda de R$ 10,541 bilhões na previsão de receitas da União neste ano.
De acordo com a Receita Federal, responsável pelas estimativas de
arrecadação, houve queda nas projeções de todos os tributos,
principalmente da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins) e de receitas extraordinárias.
Com a retirada do Fundo Soberano, a perda de receitas caiu para R$
7,041 bilhões. Para impedir novo contingenciamento (bloqueio de verbas)
do Orçamento, a equipe econômica reduziu, no mesmo montante, a previsão
de despesas obrigatórias, principalmente do auxílio à Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), cuja previsão de gastos foi reduzida
em R$ 4 bilhões, de subsídios e subvenções (-R$ 3,061 bilhões) e gastos
com pessoal e encargos sociais (-R$ 2,218 bilhões).
O governo também aumentou em R$ 1,5 bilhão a previsão de dividendos
das estatais, de R$ 23,9 bilhões para R$ 25,4 bilhões. Os dividendos são
a parcela do lucro que as empresas destinam aos acionistas. No caso das
estatais federais, o Tesouro Nacional, principal acionista dessas
empresas, fica com a maior parte dos dividendos.
Em relação ao Refis da Crise, programa de renegociação de dívidas com
a União, o governo prevê arrecadar R$ 3 bilhões até o fim do ano.
Originalmente, a previsão era arrecadar R$ 18 bilhões com a reabertura
do parcelamento. Desse total, a maior parte foi paga na primeira parcela
do programa em agosto, mas o relatório não divulgou o montante quitado
até agora. O Ministério do Planejamento informou apenas a expectativa de
arrecadação com as parcelas seguintes.
Da Agência Brasil
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