Técnicos do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) defenderam nesta segunda-feira (22) que o
erro na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) foi coletivo
e voltaram a criticar as sindicâncias criadas pelo governo para apurar a
responsabilidade na falha. Segundo uma fonte, o grande problema ocorreu
na checagem das informações, processo chamado entre os pesquisadores de
"análise crítica".
Divulgada na quinta-feira (18), a Pnad
2013 teve dados corrigidos no dia seguinte. A falha ocorreu no momento
em que um técnico selecionou a planilha errada para servir de base na
ampliação das amostras referentes a Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas
Gerais São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
O erro de troca de planilha é
considerado primário e grosseiro, por isso, deveria ter sido pego no
processo de checagem, afirmou uma fonte que acompanha de perto o modelo
de trabalho do órgão. "O que é grave nesse processo todo foi ter falhado
a análise crítica", disse o profissional, sob condição de anonimato.
Já os dirigentes do ASSIBGE-SN,
sindicato que representa os funcionários do IBGE, preferiram não
localizar a responsabilidade do erro em nenhuma etapa do processo de
elaboração da Pnad, mas concordaram na avaliação de que o trabalho é
coletivo e, por isso, não há um responsável único. O jornal "O Estado de
S. Paulo" apurou que o responsável pela troca de planilhas seria um
pesquisador jovem, com poucos anos de trabalho no IBGE.
"Não existem responsáveis individuais.
São problemas estruturais na instituição", afirmou Ana Carla Magni, da
Diretoria Executiva do ASSIBGE-SN, citando equipes reduzidas,
contratação de temporários e pressão com excesso de trabalho como
problemas que podem levar a erros. "Esse erro era inevitável e poderá
haver outros", completou, classificando a abertura de sindicâncias como
medidas "exageradas".
Hoje, o ASSIBGE-SN publicou em sua
página na internet uma nota para refutar os comentários da presidente
Dilma Rousseff, que afirmara no domingo que não sabia "quem inventou
sucateamento do IBGE". Compilando dados do Orçamento da União, o
ASSIBGE-SN alega que, de 2007 a 2013, o orçamento do órgão de
estatísticas caiu 11,6% em termos reais, descontando a inflação, para R$
1,9 bilhão.
A composição da evolução desses gastos
foi ainda mais negativa. Segundo o ASSIBGE-SN, as despesas com pessoal e
encargos subiram 22% em termos reais no mesmo período, para R$ 1,648
bilhão, enquanto o restante das despesas, incluindo o custeio de
pesquisas previstas no plano de trabalho do órgão, registrou queda real
de 69,2%, para R$ 241,2 milhões em 2013.
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