O mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) não tem sete meses
completos e o que estava nos bastidores agora estampa manchetes: os
principais partidos no governo, o PT e PMDB, atropelaram a liturgia e o
respeito ao cargo e já induzem o debate do pós-Dilma. Repare, até quem
quer ser candidato a prefeito sabe, não se antecipa esse tipo de
conversa, sob risco de decretar o fim do governo atual.
Por exemplo, se você quiser discutir como as eleições do ano que vem
com o PSB, para citar um partido forte aqui em Pernambuco, certamente
vai ouvir um clichê: “2016, só em 2016”. Tudo bem. É típico do processo
eleitoral.
Mas a liturgia com Dilma é inexistente. Ela está em uma hora
delicada, com processos no Tribunal de Contas da União e Tribunal
Superior Eleitoral que podem, no limite, levá-la à perda do mandato. Sem
contar a crise política e a econômica, os recordes negativos de
popularidade – inclusive com o apoio e rejeição à presidente no Nordeste
empatando tecnicamente com Sul e Norte.
Vamos ser sinceros? Conhecendo os atores políticos, é normal e até
esperado que a oposição fale em pós-Dilma, peça impeachment e tudo mais.
Mas PMDB e, o principal, o PT falarem de forma tão antecipada sobre o
que vem após Dilma?
Na última terça-feira, em meio ao caos da operação Lava Jato, quase
ninguém viu o presidente do PT, Rui Falcão, defender em um evento do
partido e com todas as letras o Lula 2018. Ele utilizou uma frase
cirurgicamente ambígua: a volta do ex-presidente Lula, diz Falcão, é a
“continuidade de um projeto que precisa avançar”. Ué, e parou?
Para garantir que não passasse em branco, o PT utilizou a sua
estrutura de comunicação e reforçou o recado nas redes sociais, garantia
da militância entrar no debate.
Mas alguém prestou muita atenção: o PMDB, que ontem marcou a reunião
para anunciar investimento justamente nas redes sociais. O PMDB
aproveitou e também anunciou que candidatura em 2018.
Então é isso. Nada de “2018 só em 2018”. Dilma ficou no passado e o
PMDB e PT estão no futuro. Disputa na rua, é só contar os dias até o fim
do governo Dilma Rousseff.
Fonte: Pinga-Fogo
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