A história de ascensão e queda do ex-todo poderoso Eike Batista
carrega um pouco de cada brasileiro que sonha com uma vida de poder,
influência, glamour e, de quebra, acompanhada de lucros repentinos e sem
esforços estrondosos. Não à toa, os bilionários da moda exercem tanto
fascínio e não demoram a virar celebridades endeusadas: o povo — de
maneiras e intensidades diferentes — encontra neles os ingredientes
necessários para alimentar ilusões.
Estranhamente, fatos e atitudes que deveriam estimular desconfiança,
por vezes, provocam encantamento. É como se os desejosos da riqueza e
influência instantâneas necessitassem de modelos para se apoiar e,
assim, sedimentar a própria tese. A ganância e a fissura pelos
privilégios rondam a humanidade desde sempre, protagonizando decadência
de impérios, quebras de pequenas e grandes empresas e traiçoeiras
armadilhas na vida privada de tanta gente.
Histórias semelhantes à de Eike causam impacto, deixam lições e,
inevitavelmente, logo se repetem. “Querendo ou não, é também resultado
do capitalismo, de um sistema de acúmulo de capital de todas as formas e
a qualquer custo”, comenta o publicitário e vice-presidente executivo
da NBS Comunicação, Dudu Godoy. As derrocadas são fenômenos anunciados,
acredita ele. “Ou você acha que as pessoas não sabem que a bolha vai
estourar?”, instiga.
Do Correio Braziliense
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