sábado, 16 de novembro de 2013

O jipinho é o maior fenômeno do mercado brasileiro de carros



Basta dirigir alguns minutos em qualquer das capitais brasileiras para perceber que algo está mudando na frota de carros nacional. Veículos mais robustos, com jeitão de jipe mas conforto de sedã, estão por toda a parte. Esses jipinhos urbanos, conhecidos pela sigla americana SUV, são o maior fenômeno do mercado automotivo nacional. Nenhum nicho cresceu tanto nos últimos anos.

De 2007 a 2013, o número de SUVs vendidos no país passou de 100 000 para 290 000. A ascensão ficou ainda mais evidente nos últimos 12 meses — quando a venda de carros estagnou no Brasil, mas a de jipinhos avançou 5%. “Esse mercado era inacessível para a maioria dos consumidores”, diz Antônio Maciel Neto, presidente da Hyundai Caoa, que, desde 2009, produz no Brasil o SUV compacto Tucson e lançou agora o iX-35. Com preços a partir de R$ 50.000, os jipinhos são vistos pelos consumidores como carrões, mas custam o mesmo que modelos médios.

Não é que os jipinhos estejam perto de assumir a liderança de vendas no país — longe disso. O domínio dos carros 1.0 continua indiscutível. Entre janeiro e setembro de 2013, Gol, Uno e Palio venderam, juntos, 465 000 unidades. É quase o dobro do que venderam todos os modelos de SUV disponíveis no Brasil. Mas volume não é tudo. Para as montadoras, emplacar um jipinho significa ganhar espaço num segmento com margens de lucro de três a quatro vezes maiores que as dos carros basicões. Esse fenômeno pode ser apelidado de efeito-Duster, em homenagem ao SUV da francesa Renault, lançado no fim de 2011.

O Duster foi um sucesso impressionante. Em apenas dois meses, desbancou o EcoSport, lançado em 2003 pela Ford, da liderança da categoria. Graças a ele, a Renault cresceu 24% no Brasil em 2012 e encostou na Ford na briga pela quarta posição no mercado. Com o lançamento da nova versão do EcoSport, em agosto de 2012, a montadora americana recuperou a primeira posição. Mas o frenesi em torno do Duster mostrou às demais montadoras o potencial dos jipinhos no mercado nacional.

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