O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, reagiu ontem
às críticas do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) de que tem
feito “pirotecnia” em relação a seu mandado de prisão pela condenação no
julgamento do mensalão e afirmou que os condenados devem ficar no
“ostracismo”.
“Esse senhor foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, pelos 11
ministros do STF. Eu não tenho costume de dialogar com réu. Eu não falo
com réu”, disse Barbosa, ao chegar a Londres, onde fica até amanhã para
encontros oficiais.
“Não faz parte dos meus hábitos, nem dos meus métodos de trabalho ficar de conversinha com réu”, afirmou o ministro.
Barbosa ainda criticou a imprensa brasileira por dar espaço a declarações de condenados do mensalão.
“Eu tenho algo a dizer: acho que a imprensa brasileira presta um grande
desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por
corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo.
Faz parte da pena.”
A Folha publicou em sua edição de domingo uma entrevista com João Paulo,
na qual o petista criticou o ministro. O deputado disse que falta
“civilidade, humanidade e cortesia” a Barbosa.
O ministro encerrou o processo para o deputado e saiu de férias sem
assinar o mandado de prisão, gerando dúvidas sobre a data de início de
cumprimento da pena.
“A imprensa tem de saber onde está o limite do interesse público. A
pessoa quando é condenada criminalmente perde uma boa parte dos seus
direitos. Os seus direitos ficam em hibernação, até que ela cumpra a
pena”, afirmou o presidente do STF.
Segundo Barbosa, o Brasil assiste à “glorificação” de condenados por
corrupção “à medida em que os jornais abrem suas páginas a essas pessoas
como se fossem verdadeiros heróis”.
Ele desembarcou em Londres depois de cinco dias em Paris. Questionado
sobre a prisão de João Paulo, ele não disse se assinará o mandado na
semana que vem.
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