O suplente de deputado federal Ernesto Vieira, preso no último sábado
acusado pela Polícia Federal de participar de um esquema que desviou R$
73 milhões da Mega-Sena, loteria administrado pela Caixa Econômica
Federal (CEF), tem como padrinho político o presidente do PMDB no
Maranhão, senador João Alberto, e o deputado Francisco Escórcio
(PMDB-MA), ambos ligados ao grupo do senador José Sarney (PMDB-AP). O
desvio é o maior da história da CEF.
Vieira foi preso no município de Estreito (MA) pela Polícia Federal.
Antes de se candidatar a deputado federal, ele concorreu a uma vaga de
estadual, também sem sucesso. O empresário Pedro Iran Pereira Espírito
Santo, sócio de Vieira em um empreendimento, afirmou ao Estado
que João Alberto deu autorização para Vieira se candidatar a deputado
federal em 2010. "Ele era encostado no João Alberto e no Chiquinho
Escórcio. Sempre gostou de se encostar em alguém com melhor condição",
contou, ao revelar que ele intermediou o apoio dos políticos a Vieira.
Na eleição deste ano, conforme o empresário que é considerado um dos
homens mais ricos do Estado, a intenção de Vieira era apoiar a
candidatura de Escórcio "pedindo votos".
O empresário diz que conversou com Vieira uma hora antes de ele ser
capturado pela Polícia Federal. O suplente de deputado teria justificado
ao sócio que o dinheiro encontrado em sua conta (cerca de R$ 30
milhões) era proveniente da venda de um terreno. "Ele ficou sabendo que
sua conta foi bloqueada pela Justiça e me contou que era dinheiro da
venda de um lote. Uma hora depois ele foi preso."
Conforme o empresário, contudo, o sócio não teria condições de
comprar um terreno por valor milionário. "Só se ele comprou para pagar
depois." Pedro Espírito Santo confirmou, ainda, que o suplente de
deputado comprou um avião monomotor, segundo ele, por R$ 380 mil. A PF
apreendeu o monomotor durante a busca e apreensão da Operação Éskhara
(ferida, em grego) deflagrada sábado.
Prisões. O suplente de deputado é o único preso até o
momento pela PF. Outras quatro pessoas continuam foragidas. Entre elas:
Talles Henrique de Freitas Cardozo e os irmãos Alberto Nunes Trigueiro
Filho e Paulo André Pinto Trigueiro. Uma quarta pessoa ainda é dúvida
para a PF, que suspeita da possibilidade de se tratar de um outro nome
fictício criado pela quadrilha para lavar o dinheiro. Em nome desta
pessoa a PF encontrou R$ 42 milhões e sete veículos comprados
recentemente em Goiânia (seis Corollas e uma Hilux).
Conforme a investigação, a quadrilha abriu uma conta corrente numa
agência da CEF na cidade de Tocantinópolis. A partir de um bilhete falso
da Mega-Sena o gerente liberou R$ 73 milhões para o pagamento do
suposto prêmio. O dinheiro foi distribuído desta conta para outras
dezenas. O Estado apurou que a quadrilha tentou aplicar
o golpe em outros quatro Estados, mas não conseguiu apoio de um gerente
para fazê-lo. A PF investiga a razão de a CEF permitir abertura de uma
conta com um nome e um CPF inexistente. A CEF informou, por meio de
nota, que identificou a fraude e comunicou à PF.
Um relatório de auditoria da Controladoria Geral da União (CGU)
revelou que a CEF cancelou em 496.776 mil contas correntes e poupança em
2012 que haviam sido abertas com CPFs inexistentes. O caso virou
escândalo porque o saldo das contas foi contabilizado como lucro da CEF,
conforme revelou a revista IstoÉ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário