Em cidades do Nordeste atendidas pelo programa Mais Médicos, cubanos
também reclamam de promessas não cumpridas. O alto custo de vida
surpreendeu os profissionais trazidos da ilha caribenha. Há relatos de
médicos que comem de favor e precisam pegar carona para trabalhar.
Andres Manso, que atende em Quipapá, a 180 km do Recife, está
decepcionado. "Teve dia de ir comer na casa de amigo", afirmou, por
telefone, reclamando da bolsa de R$ 900. Ele divide a moradia -
oferecida pela prefeitura - com mais três médicos. Trabalha muito, mas
diz não ver recompensa. "Todos trabalham pela possibilidade de viver
melhor e não é isso que acontece, estou vivendo mal", afirmou.
Manso diz que, "se não produzir muito ou não trabalhar, haverá
reclamação, mas ninguém se preocupa se ele tem o que comer". Apesar das
reclamações, garante que não faria como Ramona Matos Rodríguez, de 51
anos, que abandonou seu posto no Pará. "Não descumpriria um acordo",
afirmou o médico.
Arnais Rojas, de 44 anos, três filhos, mora no Recife, onde trabalha
em um posto de saúde em Mustardinha, e se sente satisfeito com a
gratidão da população. O único aspecto negativo, para ele, é o pouco
dinheiro. "Ganho menos do que a enfermeira que trabalha comigo."
Segundo o profissional, a reclamação por melhor remuneração é geral.
"Mas, até agora, não houve resposta de aumento do salário ou de ajuda."
Rojas diz que, além das despesas com alimentação e pessoais, há as
imprevistas. Ele e o colega com quem divide moradia tiveram de comprar
um ar-condicionado para suportar o forte calor. Ele tem moradia e
transporte pagos pela prefeitura do Recife.
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