domingo, 9 de fevereiro de 2014

‘Ganho menos que enfermeira’, diz cubano

Em cidades do Nordeste atendidas pelo programa Mais Médicos, cubanos também reclamam de promessas não cumpridas. O alto custo de vida surpreendeu os profissionais trazidos da ilha caribenha. Há relatos de médicos que comem de favor e precisam pegar carona para trabalhar.

Andres Manso, que atende em Quipapá, a 180 km do Recife, está decepcionado. "Teve dia de ir comer na casa de amigo", afirmou, por telefone, reclamando da bolsa de R$ 900. Ele divide a moradia - oferecida pela prefeitura - com mais três médicos. Trabalha muito, mas diz não ver recompensa. "Todos trabalham pela possibilidade de viver melhor e não é isso que acontece, estou vivendo mal", afirmou.

Manso diz que, "se não produzir muito ou não trabalhar, haverá reclamação, mas ninguém se preocupa se ele tem o que comer". Apesar das reclamações, garante que não faria como Ramona Matos Rodríguez, de 51 anos, que abandonou seu posto no Pará. "Não descumpriria um acordo", afirmou o médico.

Arnais Rojas, de 44 anos, três filhos, mora no Recife, onde trabalha em um posto de saúde em Mustardinha, e se sente satisfeito com a gratidão da população. O único aspecto negativo, para ele, é o pouco dinheiro. "Ganho menos do que a enfermeira que trabalha comigo."

Segundo o profissional, a reclamação por melhor remuneração é geral. "Mas, até agora, não houve resposta de aumento do salário ou de ajuda." Rojas diz que, além das despesas com alimentação e pessoais, há as imprevistas. Ele e o colega com quem divide moradia tiveram de comprar um ar-condicionado para suportar o forte calor. Ele tem moradia e transporte pagos pela prefeitura do Recife.

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