Os números de homicídios no Rio Grande do Norte têm aumentado,
apresentando um quadro onde a criminalidade faz mais vítimas a cada fim
de semana. No último, mais de 10 mortes foram registradas. O crescimento
da criminalidade foi tema da entrevista com o Presidente do Conselho
Estadual de Direitos Humanos, Marcos Dionísio.
“O ano de 2014 começou acelerado na incidência de homicídios na
região metropolitana e alto Oeste. Natal já se aproxima das 100 mortes e
temos preocupação em Macaíba e Ceará-Mirim e São José de Mipibú”,
comenta.
O advogado comentou ainda Macaíba registrou 137 homicídios para 100
mil habitantes. “A taxa mais alta do Rio Grande do Norte. Enquanto isso,
a média do Brasil é de 24,5”, detalha.
Durante a entrevista, Marcos comentou que a situação de Macaíba é
alarmante e que os números do mapa da violência que serão divulgados
este ano irá retratar o grave problema da cidade. “Falam sobre a rota do
tráfico de drogas em Macaíba, mas eu não acredito nessa tese, até
porque as vítimas não têm como se defender”, detalha. Mesmo assim,
Marcos afirma que já uma associação entre jovens, drogas e homicídios.
“Na região metropolitana – que inclui Macaíba, Ceará-Mirim e
Parnamirim – temos um mesmo perfil das vítimas de jovens e drogas”,
comenta.
Outra preocupação do presidente do Conselho é em relação à
inauguração do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. “Eu não tenho
nenhum conhecimento sobre um reforço na segurança naquela área”,
comenta. A mesma regra – de crescimento e aumento da insegurança – pode
ser exemplificado também em Santa Cruz onde após a inauguração da
estátua da santa, a cidade cresceu e cresceram também os números da
insegurança.
Quando o assunto é Copa do Mundo, o tom de preocupação aumenta. "Eu
sou, informalmente, que serão convocados 500 policiais do interior para
cobrir o evento em Natal. E como ficará o interior? Descoberto? Isso
seria um convite a deliquencia para migrar da região metropolitana para
migrar para o interior", descreve.
O perfil dos homicídios no interior do Rio Grande do Norte contempla
os jovens de 19 à 21 anos de idade; os adolescentes até 21 anos,
mulheres e idosas. “No caso das mulheres e idosas, geralmente são
vítimas de violência doméstica”, frisa.
A taxa de resolução dos crimes no Brasil é de 8%. “Aqui no Rio Grande
do Norte no ano passado era de 6%. Eu desconfio que nós tenhamos esse
ano além dos grupos de extermínio, tenhamos assassinos em série (serial
killer), que vemos em filmes”, comenta.
Marcos Dionísio comentou ainda sobre o problema de divulgação dos
homicídios feita pelo poder público. “Fazemos um rastreamento junto aos
blogs, rádios e televisões porque o Governo do Estado não quer divulgar
os dados”, disse.
O trabalho de rastreamento é feito há mais de 15 anos no Rio Grande do Norte com informações oficiais e não oficiais.
Sobre a subnotificação dos crimes, o presidente do Conselho Estadual
de Direitos Humanos, comentou a parceria com o Ministério Público. “Cada
promotoria vai verificar com as unidades de saúde as subnotificações
para mapearmos os números. Quando acontece nos feriados, fins de semana
ocorre muito isso”, justifica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário