Mesmo sem acordo total sobre pontos polêmicos, os parlamentares
tentarão concluir hoje (25) o debate e a votação do projeto do Marco
Civil da Internet. A matéria foi adiada diversas vezes em função de
impasses em torno de pontos como o princípio da neutralidade. Agora, a
maior divergência é em relação ao artigo 20, que trata da
responsabilidade dos provedores sobre conteúdos produzidos por
terceiros.
Enquanto o marco civil não for aprovado segue impedindo que outras
propostas de lei sejam votadas na Câmara, o que vem ocorrendo desde
outubro do ano passado. Parlamentares e governo redobraram os esforços
nas últimas semanas em busca de consenso. “[O projeto] está amadurecido e
pronto para votação”, avaliou o presidente da Casa, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), assegurando que a votação será concluída hoje, “com
certeza”.
Para chegar ao atual ponto de debates menos acalorados, o governo
cedeu em alguns pontos do texto na semana passada. O Executivo aceitou a
retirada da obrigatoriedade dos provedores de conexão manterem data
centers no Brasil, desde que a legislação brasileira seja a referência
para dados gerados em território nacional.
Por outro lado, o Planalto não abriu mão de manter o princípio da
neutralidade, mas aceitou incluir que o decreto presidencial que
regulamentará essa norma terá que seguir “fielmente” o que está previsto
na lei e precisará passar pela análise de órgãos que atuam no setor,
como a Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) e o Comitê Gestor da
Internet (CGI).
“O artigo 20 é para garantir a liberdade de expressão dos
internautas. A derrubada [deste artigo] será um prejuízo grave”, disse,
garantindo que não há resistência da base aliada. O relator admitiu que
alguns parlamentares ainda têm dúvidas sobre o item, “muito técnico”.
A decisão sobre este ponto deve ficar para o plenário e há sinais de
que o artigo pode ser destacado do texto para ser analisado
separadamente. Ainda assim, a articuladora do governo no Congresso,
ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), mostrou otimismo em
relação à votação da matéria.
“Eu acredito que vamos ter votação garantindo pontos essenciais.
Nosso projeto, com certeza, terá a aprovação da neutralidade e da
soberania nacional fazendo valer a legislação brasileira sobre tudo o
que é produzido e circula no país”, disse Ideli.
Na conversa com os líderes partidários, a ministra aproveitou para
fazer um apelo e pediu aos deputados que se dediquem na inclusão, na
pauta do plenário, a decisão tomada pelo Conselho Nacional de Política
Fazendária, (Confaz), na semana passada, sobre a divisão do Imposto
sobre Circulação Sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) para o comércio
eletrônico.
“A tributação o ICMS fica quase única e exclusivamente com um único
estado que sedia as empresas que vendem pela internet. A partir deste
acordo, temos condições de aprovar a PEC do Comércio Eletrônico trazendo
uma distribuição mais justa do ICMS para todos os estados e municípios
brasileiros”, ressaltou.
Fonte:IG
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