O Governo do Estado ainda não anunciou qual solução definitiva será
viabilizada para solucionar o problema de abastecimento d’água no
município de Currais Novos. Um comitê local quer a construção de uma
adutora a partir do município de Florânia, mas a ideia já foi descartada
pela secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Semarh). Em Pau dos Ferros, as obras da adutora de engate rápido
começaram há uma semana e estão com 11% de execução.
Historicamente, ambas regiões (Seridó e Oeste) sofrem com a estiagem,
mas, ao longo dos últimos anos, não receberam investimentos suficientes
para enfrentar o problema. Na administração do então governador
Garibaldi Alves, foram construídos sete grandes sistemas de adutoras com
captação, tratamento de água e distribuição num total de 1,2 mil
quilômetros de extensão, atendendo 46 sedes municipais e 146 comunidades
rurais. A população beneficiada chega a 1,2 milhão de pessoas. O
investimento com verba federal, estadual e empréstimo foi na ordem de R$
493 milhões.
Rodrigo Sena
Na administração da ex-governadora Wilma de Faria, foram implantadas
alguns sistemas de abastecimento como a adutora de Serra de Santana,
Mato Grande, Seridó e início da construção da adutora do Alto Oeste. Sob
responsabilidade da atual vice-prefeita de Natal, foram construídos
530 quilômetros de adutoras responsáveis pelo abastecimento de 25
cidades, beneficiando 250 mil pessoas. Houve aí, a ampliação de alguns
sistemas já existentes.
Na atual administração, os investimentos em sistemas adutores foram
tímidos. Os esforços ficaram concentrados na retomada das construções
das adutoras do Alto Oeste, engate rápido para Pau dos Ferros e adutora
de Santa Cruz de Apodi/Mossoró. A primeira terá 320 quilômetros de
extensão e beneficiará 13 municípios da região. Quando anunciada, há
mais de cinco anos, tinha a previsão de ser concluída em 18 meses com
investimentos da ordem de R$ 122 milhões. Não foi o que aconteceu.
A atual administração luta para finalizar a obra que passou a custar R$
154 milhões. O equipamento vai beneficiar 200 mil pessoas e, atualmente,
está com 96% das obras concluídas.
Sem o auxílio de adutoras, Pau dos Ferros é abastecida somente pela
barragem da cidade ao passo que Currais Novos recebe água da Adutora
Seridó. Apesar de, atualmente, não enfrentar colapso no abastecimento,
os municípios estão em estado de calamidade, assim como outros 159
municípios potiguares. A população estimada em quase 74 mil habitantes,
nas duas cidades, sofre com a precariedade do sistema.
Cansada de esperar por ações governamentais, membros da sociedade civil
decidiram apresentar propostas à administração estadual. Em Currais
Novos, comerciantes, vereadores e representantes da prefeitura criaram
um comitê popular que contou com a assistência técnica do hidrólogo e
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), João
Abner Guimarães Júnior.
O grupo apresentou a proposta de ampliar a adutora da Serra de Santana
que hoje leva água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves para Bodó,
Florânia, Lagoa Nova, parte de Santana do Matos, São Vicente e Tenente
Laurentino. “A ideia mais simples e lógica é ampliar essa adutora. Seria
uma obra de fácil realização pois Currais Novos está próximo de
Florânia”, explicou João Abner.
No entanto, a intenção do grupo já foi abortada pela Semarh. A
coordenadora de gestão de recursos hídricos da Semarh, Joana D’arc disse
que o projeto não é viável. “A adutora existente não comporta essa
expansão. Tecnicamente é inviável. Essa ideia sempre vem à tona, mas não
é possível colocá-la em prática”, colocou.
A coordenadora informou ainda que os técnicos da Semarh e Companhia de
Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) estudam outras
possibilidades para Currais Novos, mas, até o momento, nada foi
definido. “Podemos estudar muitas possibilidades. Não há consenso até o
momento. Precisamos em pensar, inclusive, em implantar mais de um
projeto”, disse.
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