O número de homicídios no Rio Grande do Norte é crescente. Segundo
dados do Conselho Estadual de Direitos Humanos, 275 pessoas foram
assassinadas apenas este ano. No mês de fevereiro foram registrados 148
crimes com morte, sendo 21 a mais que no primeiro mês deste ano. Em
média, quase cinco pessoas morrem no Estado em ações de violência.
Os maiores índices foram contabilizados em Natal e região
metropolitana (180) e na região Oeste do estado (61). O dado também
mostra que o número de homicídios superou em 10, a quantidade de
execuções do ano passado.
Em Natal, foram 38 mortes contabilizadas na zona Norte e 35 na zona
Oeste; bairros que desenham o mapa de violência na capital. Os bairros
com maiores índices foram: Nossa Senhora da apresentação (11), Felipe
Camarão (10), Pajuçara (9) e Lagoa Azul (8). Nas outras regiões da
cidade, destaque para os bairros: Pitimbú (4), na zona Sul, e Mãe Luiza
(4), na zona Leste. Totalizando na capital, 99 homicídios, número menor
que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram
contabilizados 104.
Entre os municípios da região Metropolitana, destaque para Parnamirim
(25), Macaíba (12), São Gonçalo do Amarante (12), São José de Mipibú
(12) e Ceará-Mirim (9); no total foram 176 crimes com morte, 10 a mais
que o mesmo período no ano passado. Para o Conselho Estadual de Direitos
Humanos, os municípios têm proximidade com os bairros mais violentos da
capital e desenham um “cinturão de violência” no mapa de homicídios do
estado.
“É notória a concentração de crimes em bairros periféricos, que ligam
Natal a outros municípios também com altos índices. Podemos justificar
isso, pelo fato das regiões serem mais desprivilegiadas com políticas
públicas essenciais como saúde, educação e principalmente segurança”,
disse o presidente do conselho estadual, Marcos Dionísio.
No interior do estado, os assassinatos estão concentrados na região
Oeste. Dos 61 contabilizados, 24 ocorreram na cidade de Mossoró. A
cidade de Baraúna, também na região, aparece pela primeira vez no
cenário, com cinco ocorrências. Na região Agreste e Central foram 12
homicídios em cada, com a cidade de Santa Cruz liderando com cinco
homicídios.
Para o Conselho Estadual de Direitos Humanos, o descaso do poder
executivo municipal com a segurança pública, e o número de efetivos
policias defasado contribuem para esses dados. “O governo não priorizou
em nenhum momento a segurança. Falta vontade política, policiais
militares para o trabalho ostensivo e policiais civis para elucidar os
crimes. Além disso, falta estrutura de trabalho para essas categorias”.
O titular lembra a proximidade com o evento da Copa do Mundo em Natal
e a preocupação do conselho com os possíveis crimes que podem ocorrer
no período. “Natal se prepara para receber uma Copa do Mundo em meio a
uma verdadeira guerra civil. Políticas públicas devem ser tomadas com
urgência”, lembrou.
Jovens envolvidos com o crime
Outro dado que preocupa o conselho é a participação de jovens nos
homicídios. Segundo o relatório desses primeiros meses de 2014, dos 275
assassinatos, 256 envolveram homens e 19, mulheres. Os crimes com jovens
de até 21 anos, contabilizaram 83. Para o órgão, um dado preocupante.
“Nossos jovens estão cada vez mais inseridos no mundo do crime por
vários agentes. Primeiro, a facilidade com que eles têm acesso a drogas,
armas e bebidas. E também, por saberem que o sistema sócio educativo
está precário. Os Centros Educacionais não têm vagas e eles acabam
voltando para a rua e fazendo outros crimes”, finalizou.
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