Falta mobilidade, fiscalização, segurança e reconhecimento
profissional. É assim que os taxistas de Natal definem o dia a dia de
trabalho na capital potiguar. Os problemas da categoria foram
apresentados à sociedade durante audiência pública realizada nesta
terça-feira (18), na Câmara Municipal de Natal (CMN), de modo a alertar a
administração municipal sobre a necessidade de novas políticas
públicas.
Segundo argumentou o vereador Aroldo Alves (PSDB), propositor da
audiência, a Casa Legislativa irá encaminhar à Prefeitura de Natal e aos
órgãos competentes um relatório contendo todo o diagnóstico de trabalho
desses profissionais, com o objetivo de fomentar a discussão e buscar
soluções aos problemas enfrentados.
“Hoje os taxistas enfrentam problemas básicos, que vão desde locais
para estacionamento até a falta de segurança nas ruas. Iremos apoiá-los
na conquista de políticas que venham a beneficiá-los. Eles compõem uma
categoria totalmente excluída do sistema social em que vivem e precisam
de alguém que olhe por eles. Hoje estamos colocando a realidade em
debate e amanhã iremos pressionar o poder público”, destacou Aroldo
Alves.
O presidente do Sindicato dos Taxistas, Wdarlan Rodrigues, criticou
que, em Natal, os motoristas de táxis não podem usufruir direito de seu
principal meio de trabalho. “Para nós, a pior coisa que enfrentamos é a
mobilidade. Está impossível andar na cidade em meio a tantas obras e
congestionamentos. Como um taxista pode trabalhar se não há mobilidade?
Desse jeito a gente perde inúmeras corridas e vive estressado”, afirmou.
Wdarlan informou que o sindicato cobra frequentemente à Secretaria de
Mobilidade Urbana (Semob) condições de fiscalização, além de segurança
principalmente aos trabalhadores de escala noturna. “Nós não contamos
com a ajuda de agentes em locais estratégicos da cidade, nem de
segurança para quem trabalha à noite. Muitos preferem cumprir uma carga
horária extensa durante o dia para não precisar trabalhar de noite,
enquanto que os que rodam nesse período só respondem aos chamados de
rádio. Trabalhar diariamente ao lado da insegurança é de maltratar
qualquer um”, desabafou o sindicalista.
Atualmente, a capital potiguar conta com 1.010 placas de táxi
credenciadas e mais de 700 outras consideradas clandestinas. “Além de
tudo o que enfrentamos, ainda temos que combater essa concorrência
desregular ao sistema. Gostaríamos que o município nos ajudasse nesse
enfrentamento”, disse Wdarlan Rodrigues.
Sobre a realização da Copa do Mundo em Natal, os taxistas se incluem
na categoria dos que não se beneficiarão com a realização do evento. A
qualificação em outro idioma falado, por exemplo, é uma realidade
considerada ilusória, já que muitos não podem perder as corridas e,
consequentemente, deixar de faturar.
Joselito Gonçalves, que está na profissão há 27 anos, disse que o
país está visando apenas o Mundial. “Tudo hoje gira em torno da Copa.
Ela irá acabar e nós continuaremos com esse fluxo cruel de carros nas
ruas. A mobilidade em nossa cidade não será solucionada com a Copa. Na
verdade, em Natal não existe um só gestor com especialidade em
mobilidade urbana. Do jeito que estamos, permaneceremos. E quem pagará o
preço é o passageiro, que continuará enfrentando trânsito pesado e
pagando mais caro pelo serviço”, disse.
Para a audiência pública na CMN era esperada a participação de
representantes da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), Secretaria
Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Seturde), Secretaria
de Estado de Turismo (Setur) e do Departamento de Trânsito (Detran).
Enquanto a reportagem d’O Jornal de Hoje esteve no local, nenhum desses
representantes havia comparecido.
O Jornal de Hoje
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