sábado, 19 de abril de 2014

Menino Bernardo pode ter sido enterrado vivo, relata amiga da madrasta à polícia do RS



O relato que a assistente social Edelvânia Wirganovicz deu à Polícia Civil ao confessar participação na morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, ocorrida no Rio Grande do Sul, mostra um roteiro de frieza e premeditação, no qual Edelvânia justifica o fato de ter aceitado participar do crime de forma singela:

— Era muito dinheiro e não teria sangue nem faca, era só abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino.

Zero Hora teve acesso ao depoimento dado em 14 de abril que deu à polícia o embasamento para prender Edelvânia, a madrasta do menino, Graciele Ugulini, e o pai de Bernardo, o médico cirugião Leandro Boldrini. Pelo relato de Edelvânia, Graciele planejava há muito tempo a morte do enteado, considerado um "incômodo" na vida do casal.

Quanto à suposta participação de Boldrini, no entanto, Edelvânia repetiu aos policiais o que teria ouvido da amiga: que ele "não sabia, mas, futuramente, ele ia dar graças de se livrar do incômodo, por que Bernardo era muito agitado". A polícia suspeita de que o médico tenha ajudado a encobrir o crime depois de supostamente ficar sabendo do que havia acontecido.

Bernardo rumou para a morte depois de sair da escola em 4 de abril acreditando que ganharia um aparelho de televisão e que faria uma consulta com uma "benzedeira", segundo contou Edelvânia. Conforme o depoimento, ainda em Três Passos, Graciele teria dado um remédio ao menino para que dormisse _ teria dito a ele que o comprimido era para evitar que vomitasse na viagem. Mas o remédio não fez efeito e ele chegou em Frederico Westphalen acordado. Desceu do carro da madrasta e entrou no Siena de Edelvânia. No veículo, ele teria recebido outra dose.

No trajeto em direção ao local onde seria enterrado, Bernardo teria ouvido da madrasta mais uma vez a explicação de que estava indo a uma consulta com uma benzedeira e que precisava, para isso, levar um "piquezinho na veia". Edelvânia disse à polícia que "mandaram ele deitar sobre uma toalha de banho cor azul. Que Kelly aplicou na veia do braço esquerdo com uma seringa e ele foi apagando."

Depois de tirar a roupa _ que seria o uniforme da escola _ e os tênis, enterraram o menino, sem conferir se ainda estava vivo: "Que a depoente e Kelly colocaram o menino no buraco sendo que Kelly jogou a soda sobre o corpo e a depoente colocou pedras. Que a depoente acha que ele já estava morto. Que a depoente não viu se Kelly olhou se o menino tinha pulsação."

Segundo relato, por volta das 16h de 4 de abril, o crime estava consumado, o corpo de Bernardo, enterrado, e as duas amigas retornaram para a cidade. Depois de lavar-se na casa de Edelvânia, Kelly foi até uma loja e comprou a televisão prometida a Bernardo. Edelvânia levou uma sobrinha para tomar picolé e, após, foi para casa dormir.

A relação de amizade de Graciele e Edelvânia seria do passado, elas teriam morado juntas por dois anos antes de Graciele se mudar para Três Passos. O contato entre as duas depois da mudança teria sido apenas por meio do Facebook e algumas ligações telefônicas.

Edelvânia contou que o contato foi retomado há cerca de dois meses. Que Graciele teria ido a seu trabalho e depois as duas foram para o apartamento da assistente social. Graciele teria levado presentes como "cremes e enfeitezinhos" para o imóvel. Enquanto tomavam chimarrão, Kelly teria convidado Edelvânia para ser madrinha de sua filha e teria desabafado sobre a relação com Bernardo.

Teria dito que o menino era "ruim", que era difícil de lidar e que brigava até com o pai.

"Que após essa conversa Kelly perguntou o que achava, sendo que ela tinha bastante dinheiro e que se a depoente a ajudasse a dar um sumiço no guri ela lhe daria dinheiro e ajudaria a pagar o apartamento" _ diz trecho do depoimento.

Fonte - Zero Hora

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