Um trecho da Avenida Francisco Mota, BR-110, foi interditado por
diversas vezes na manhã de ontem, 21, devido a um protesto dos
professores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). A
mobilização foi realizada próximo ao semáforo em frente à instituição e
contou com o apoio de alunos e técnicos administrativos que estão em
greve desde o dia 17 de março.
A interdição da rodovia federal começou às 7h e foi até o fim da
manhã. Em pequenos intervalos de tempo os manifestantes ocupavam a pista
exibindo faixas, cartazes, distribuindo panfletos e fazendo apitaço.
A ocupação se dava por alguns segundos nos momentos em que o semáforo
ficava vermelho para quem trafegava pela BR ou de forma aleatória por
alguns minutos, independentemente do funcionamento do equipamento de
sinalização de trânsito.
Os veículos tiveram que fazer desvios pelo acostamento ou pela área
que fica entre a rodovia e a entrada do campus oeste da Ufersa. Ônibus,
caminhões e carretas tiveram mais dificuldade em fazer as manobras.
Os docentes aprovaram a realização da manifestação ainda na semana
passada. Outras universidades federais do país também realizaram
mobilizações contra a falta de diálogo e propostas do Governo Federal.
Neste final de semana haverá uma reunião em Brasília dos grevistas
com o Ministério da Educação (MEC). Caso as conversas não avancem, a
categoria ameaça entrar em greve por tempo indeterminado. A definição
sairá em uma assembléia na próxima semana.
Um dos pontos que mais decepcionaram os educadores foi o cancelamento
de uma reunião que estava marcada para ontem, 21. “Já estava marcada
essa conversa. Quando foi hoje [ontem] o secretario Paulo Speller, da
Secretaria de Educação Superior (SESU) do MEC, desmarcou dizendo que
tenha uma viagem para fazer. Isso só mostra a falta de compromisso do
governo com nosso movimento”, informa José Torres Filho, presidente da
Associação dos Docentes da Ufersa (ADUFERSA).
A valorização salarial, a reestruturação da carreira, melhorias das
condições de trabalho e garantia de autonomia são os quatro principais
eixos da pauta de reivindicações.
REFORÇO
Em greve há 67 dias, os técnicos administrativos apoiaram a
manifestação também como forma de chamar a atenção para a própria pauta
de reivindicações que contempla o aprimoramento do Plano de Cargo,
Carreira e Salários, ascensão funcional, jornada de trabalho de 30 horas
sem redução salarial, democratização na universidade, entre outros
pontos.
“Sabemos que, infelizmente, protestos sempre causam transtornos. Mas
era preciso chamar atenção da sociedade e do governo para essa situação
que estamos enfrentando na educação”, explicou Francimar Honorato,
diretor do Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação Superior do
Rio Grande do Norte (SINTEST/RN).
Segundo ele, o governo não mostra qualquer sinal de que quer negociar
com os grevistas. “Estamos completando hoje [ontem] 66 dias de
paralisação e somente no 60º é que o Mec chamou para conversar. Tivemos
uma grande decepção: eles não aceitam discutir nada que tenha impacto
financeiro”, acrescenta Honorato.
Gazeta do Oeste
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