Se já era difícil convencer os jovens de
16 e 17 anos a votar, as manifestações de junho de 2013 tornaram essa
tarefa mais árdua. A taxa de adolescentes dessa idade que tiraram título
de eleitor um ano antes da data da votação diminuiu em um terço em
2014, se comparada à média dos três últimos pleitos presidenciais. Neste
ano, apenas um em cada quatro jovens elegíveis para votar se alistaram,
a proporção mais baixa do século até agora.
As manifestações interromperam uma
curiosa regularidade do alistamento eleitoral dos jovens entre 16 e 18
anos. De acordo com a legislação brasileira, jovens nessa faixa etária
podem votar se quiserem, mas não são obrigados. Desde o início do atual
século, uma proporção constante desse contingente se registra para
votação no ano anterior a cada eleição – uma taxa que fica um pouco
maior nas eleições municipais que nas estaduais e federais.
Em 2008 e 2012, a taxa de adolescentes
que tirou título de eleitor para votar para prefeito e vereador foi de
cerca de 43% em relação ao total de jovens dessa idade, segundo
cruzamento dos dados de alistamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
com os da projeção da população do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Nas disputas de 2002, 2006 e 2010, a proporção ficou
entre 36% e 37% em cada uma. Em 2014, o índice caiu para 26%.
“Todas as distorções da política
brasileira apareceram de maneira muito forte nas manifestações”, diz o
professor de Ciência Política da USP José Álvaro Moisés. Segundo ele, a
falta de confiança dos jovens nas instituições políticas existentes no
Brasil é uma das explicações de por que adolescentes que se engajaram em
protestos hoje preferem não participar do processo eleitoral.
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