Quase três meses após o início do bombeamento
do volume morto, um grande trecho das Represas Jaguari-Jacareí, que
representam 82% da capacidade do Sistema Cantareira, virou um córrego. É
por um estreito canal que cruza o solo rachado dos reservatórios, entre
as cidades de Bragança Paulista e Joanópolis, no interior paulista, que
a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem
sugado a água que resta no manancial. Nesta quinta-feira (28), metade
dos 182,5 bilhões de litros da primeira cota da reserva profunda já terá
deixado o sistema para abastecer cerca de 12 milhões de pessoas na
Grande São Paulo e na região de Campinas. Só das duas maiores represas
do Cantareira, a Sabesp já tinha retirado até ontem 72,3% do volume
morto.
Segundo cálculos do engenheiro Antonio Carlos Zuffo, diretor do
Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), o uso da reserva profunda deixou o volume útil - água
represada acima do nível das comportas - desses reservatórios negativo
em 9%. Com o esvaziamento das maiores represas do sistema e o
afunilamento do canal, a Sabesp diminui desde o dia 15 deste mês para
cerca de 5 mil litros por segundo a vazão de água retirada de
Jaguari-Jacareí, cerca de um quarto dos 19,3 mil litros retirados por
segundo do Cantareira para a Grande São Paulo.
A diminuição foi
compensada com o início do bombeamento da reserva profunda da Represa
Atibainha, em Nazaré Paulista. Até ontem, segundo o boletim diário do
comitê anticrise que monitora o Cantareira, restavam nas cinco represas
que formam o sistema 115,9 bilhões de litros, que representam 11,9% da
capacidade do manancial, conforme medição feita pela Sabesp. Embora as
obras tenham sido inauguradas no dia 15 de maio pelo governador Geraldo
Alckmin (PSDB), ao custo de R$ 80 milhões, o bombeamento do volume morto
teve início no dia 4 de junho. "Os cálculos mostram que essa reserva
deve acabar entre os dias 11 e 17 de novembro.
A partir daí, será
preciso captar água da segunda parcela do volume morto", afirma Zuffo. A
estimativa considera a permanência do baixo volume de água que entra no
manancial observado nos últimos meses. Conforme o Estado informou na
semana passada, a Sabesp já pediu aos órgãos gestores do Cantareira
autorização para retirar mais 106 bilhões de litros do volume morto.
Segundo a estatal, a captação só será feita caso seja necessário e
ficará restrita às represas Jaguari-Jacareí, que podem ficar com menos
de 3% de todo o volume, incluindo o útil e o morto. A Sabesp gastou
cerca de R$ 13,3 milhões para comprar mais 19 bombas para o volume
morto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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