Por Veja
O ex-médico Roger Abdelmassih teve mais do que dinheiro, sorte e um perfil discreto para
manter seu esconderijo de luxo no Paraguai. Também entraram em cena
políticos locais, policiais corruptos e até mesmo um ex-dirigente
sul-americano de futebol. Essa é a suspeita do ministro da Secretária
Nacional Antidrogas do Paraguai, Luis Rojas, responsável pela prisão do
ex-médico condenado a 278 anos de prisão no Brasil.
A ajuda desta rede, que deve ser investigada pelo Ministério Público
paraguaio, permitiu a Abdelmassih conseguir documentos falsos, adquirir
bens e manter uma mansão em um dos bairros mais exclusivos de Assunção
por cerca de três anos, apontam investigações preliminares. “Ele tem
contatos influentes, muito influentes. Ele se sentia seguro”, disse
Rojas, que não especificou como funcionava exatamente a rede. Segundo o
ministro, o papel da sua pasta, que mantém contato frequente com a
Polícia Federal brasileira, foi exclusivamente o de vigiar nos últimos
dias, capturar e providenciar a deportação do ex-médico – e não de
especificamente investigar como ele manteve seu esconderijo, embora
várias das suspeitas tenham aparecido durante o processo de
acompanhamento do caso.
Toda esse esforço permitiu que Abdelmassih fosse aos poucos adotando
uma rotina mais pública, embora em geral seu perfil fosse discreto.
Vizinhos ouvidos por VEJA relataram saber pouco sobre o misterioso
morador da rua Guido Spano número 1976, o endereço ocupado por
Abdelmassih e sua mulher Larissa Sacco. Em três anos, a maior parte dos
vizinhos viu o casal em poucas oportunidades, e manifestou espanto ao
descobrir que um fugitivo internacional residia ao lado. Na escola dos
filhos, no entanto, o casal adotou uma postura mais pública. Larissa se
apresentava com seu verdadeiro nome, e Abdelmassih costumava aparecer
com frequência para buscar as crianças, usando sempre o nome Ricardo.
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