Pela primeira vez em décadas, a camada de ozônio caminha para ser
plenamente recuperada, depois de uma importante deterioração. Ela pode
estar completamente reconstituída até 2050, com um forte impacto sobre
as condições climáticas no Hemisfério Sul. O buraco sobre a Antártica
deve começar a se reduzir a partir do ano de 2020. A constatação foi
publicada nesta quarta-feira (10), pela ONU, depois de realizar por
quatro anos um estudo com 300 cientistas, inclusive brasileiros. Em
2010, o informe apontava que não havia qualquer tipo de sinal de
melhoria. Agora, a entidade comemora a descoberta e alerta que a
recuperação apenas foi garantida graças a uma cooperação internacional. O
mesmo modelo, segundo a ONU, deve ser usada como exemplo para os
futuros acordos entre governos para lidar com o clima.
A camada de
ozônio protege a terra de raios ultravioletas emitidos pelo sol e,
diante da emissão de diversos gases, estava perdendo sua força com a
formação de buracos que chegaram a ter a dimensão de verdadeiros
continentes. "Mas diante de certos indicadores positivos, a camada de
ozônio deve se reconstituir até meados do século", comemorou o
diretor-executivo do Programa da ONU para Meio Ambiente, Achim Steiner.
Segundo ele, até 2050 a projeção aponta que a camada poderá voltar a
seus níveis de 1980, data que serve de referência. O auge do problema
foi identificado em 1993. Agora, a constatação é de que, a cada ano, a
concentração de gases nocivos tem caído em 1%. A previsão é de que,
diante desse cenário, dois milhões de casos de câncer de pele
conseguiram ser evitados até 2030.
No Hemisfério Sul, o buraco provocou
importantes mudanças no clima durante o verão, com altas nas
temperaturas da superfície, impacto nas chuvas nos oceanos. A Península
Antártica também se transformou no local com a mais rápida elevação de
temperatura do mundo. Em 2006, o buraco sobre o Polo Sul alcançou um
recorde diante de um inverno especialmente frio. No total, a camada foi
afetada em 29,5 milhões e quilômetros quadrados.
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