sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sob pressão, Fifa deve mexer em regra sobre direitos dos jogadores

O comitê executivo da Fifa avançou nesta quinta-feira (25) a discussão para controlar a ação de investidores na compra de jogadores. Se chegar a um acordo, o comitê pode anunciar mudanças nas regras nesta sexta (26), em Zurique, onde está reunido.

A informação foi confirmada à reportagem pelo presidente da Uefa, Michel Platini, e pelo presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, após o primeiro dia de encontro.

Segundo as palavras de Platini, a ideia é “banir” de vez a participação desses investidores nos direitos econômicos dos atletas. Ou seja, somente clubes seriam donos dos jogadores, pondo fim à prática de “fatiá-los” com investidores.

Questionado pela reportagem sobre o alcance da mudança, o dirigente da Uefa foi claro: qualquer clube do futebol mundial. “A Fifa é o mundo inteiro”, afirmou.

Já Del Nero adotou um tom mais leve: aposta na regulamentação da prática pela Fifa, mas não excluindo-a do futebol, pelo menos no curto prazo.

As medidas podem atingir, por exemplo, proprietários de direitos econômicos de jogadores que atuam no Brasil.


AÇÃO DA UEFA
A Fifa começa a agir dois dias depois de reportagem do jornal britânico “The Guardian” revelar que a Uefa está disposta a proibir a ação de intermediários a partir da próxima temporada.

No entanto, segundo informou o jornal, haveria um período de transição para que todos os clubes europeus se adaptassem totalmente às mudanças. A reportagem menciona, entre outros grupos que atuam desta maneira, a brasileira Traffic Sports.

Defensor dessa regulamentação, Platini tem sido pressionado pelos clubes do Campeonato Inglês, que protestam contra os pagamentos fatiados a grupos de investimentos donos de passe de atletas.

Segundo a mídia britânica, o português Jorge Mendes, apontado como o agente mais poderoso na Europa, estaria usando empresas em paraíso fiscal para comprar jogadores de Espanha e Portugal, entres eles o argentino Di Maria, que trocou o Real Madrid pelo Manchester United nesta temporada, e o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, recém-transferido do Atlético de Madri para o Chelsea.

Além de Espanha e Portugal, países do leste europeu e da América do Sul são os que mais utilizam recursos desses grupos de investimento para negociar jogadores. O dinheiro colocado no passe dos atletas já estaria em torno de 1 bilhão de euros (R$ 3 bilhões).
Se depender de Platini e do Campeonato Inglês, nenhum clube do mundo poderá agir desta maneira num futuro próximo.

A questão é que dirigentes da Commebol, por exemplo, argumentam que a estrutura econômica de clubes sul-americano é muito inferior à dos ingleses, alguns deles, como Manchester City e Chelsea, com um único e bilionário dono. Ou seja, grupos de investimentos seriam fundamentais para poder manter jogadores no Brasil ou em qualquer outro país neste contexto, alegam os cartolas.

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