Em disputa política realizada nesta
terça-feira (28), o projeto PDC 1491/14, que anula o decreto
presidencial que criou a Política Nacional de Participação Social, foi
aprovado pela Câmara, derrotando o governo na primeira votação depois da
reeleição da presidente Dilma. Os partidos de oposição conseguiram o
apoio de algumas legendas da base, conseguindo suspender o Decreto
8.243/14. O projeto PDC 1491/14, que é de autoria de Mendonça Filho
(DEM-PE), agora passará pelo Senado.
O Decreto 8.243/14 causa polêmica desde
junho no Congresso. O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo
Alves, afirmou que a norma invade a atribuição do Congresso. Alves
comemorou a derrubada do decreto, que foi histórica.
Apenas três partidos (PT, PCdoB e PSOL) e
parte do Pros tentaram inviabilizar a votação, apresentando
requerimentos. Todos os outros partidos da base se aliaram à oposição.
Para que a obstrução criada pelos três partidos fosse derrubada, foram
necessárias duas horas e meia de debates. O decreto presidencial acabou
sendo derrotado em votação simbólica.
Para a líder do PCdoB, Jandira Feghali
(RJ), o resultado represena uma "coisa menor" quando comparada com a
vitória da presidente Dilma Rousseff nas eleições. Ainda de acordo com
Feghali, os conselhos populares podem ser retomados em projeto de lei.
O decreto presidencial previa um sistema
de participação liderado pela Secretaria-Geral da Presidência. Estavam
previstos um conselho permanente; comissões temáticas; conferências
nacionais periódicas; uma ouvidoria pública federal; mesas de diálogo;
fóruns interconselhos; audiências e consultas públicas; e ambiente
virtual de participação social. Isso permitiria que entidades
influenciam nas políticas e programas do governo, consolidando a
participação como um método de governança.
Durante o debate sobre o decreto,
deputados do PT e do Psol várias vezes afirmaram que a oposição tinha a
intenção de criar um “terceiro turno eleitoral”. Para o deputado
Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo, o decreto fortaleceria um
conjunto de conselhos. O mesmo ponto é defendido por Afonso Florence
(BA), vice-líder do PT.
O Plenário da Câmara quebrou a tradição
das últimas eleições ao realizar votação na semana seguinte ao segundo
turno das eleições. Nas três últimas eleições presidenciais (2002, 2006 e
2010), o Plenário só iniciou votações na segunda semana após o pleito.
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