A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Christine Lagarde, recomenda que Brasil faça investimentos para melhorar
a infraestrutura deficiente e reformas no mercado de trabalho. O
governo brasileiro e de vários outros países precisa agir para tentar
evitar que a expansão da economia mundial entre em um nível "medíocre".
"Reformas estruturais são uma prioridade para destravar o crescimento",
afirma.
As recomendações de Lagarde estão na agenda de política econômica
apresentada nesta quinta-feira, 09, ao Comitê Monetário Financeiro
Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que dá as diretrizes
políticas para o FMI. "Reformas decisivas são necessárias para estimular
a confiança e elevar o crescimento potencial de hoje e de amanhã",
afirma a diretora-gerente no texto.
O Brasil é citado duas vezes no texto. A primeira é quando Lagarde
fala da necessidade de reformas no mercado de trabalho, necessária tanto
na economia brasileira como nos Estados Unidos, zona do euro, China e
Índia. "Estas reformas são uma prioridade" afirma a dirigente,
destacando que elas podem melhorar a produtividade dos trabalhadores,
tendo assim reflexos positivos na confiança dos agentes e na atividade
econômica.
Lagarde cita o Brasil novamente quando fala da necessidade de
medidas para estimular o investimento. O país, ressalta ela, precisa
reduzir os gargalos em infraestrutura, assim como é o caso da África do
Sul e Índia. "O investimento em infraestrutura vai estimular a demanda e
fortalecer o crescimento", destaca a diretora do FMI, ressaltando que
em países emergentes e desenvolvidos, o investimento público em obras de
infraestrutura deve ser uma prioridade, mas feito com responsabilidade.
"O último retrato da economia mundial parece desconfortavelmente
familiar: um recuperação frágil e desigual, com um crescimento menor que
o esperado e com crescentes riscos (para as taxas serem ainda
menores)", afirma Lagarde. Por isso, nas políticas econômicas, a fiscal
deve ser amigável à atividade econômica; a monetária, nos países
desenvolvidos, deve permanecer apoiando a atividade. Nesta última,
porém, Lagarde reconhece que enquanto a zona do euro precisa de mais
estímulos monetários, os EUA têm o desafio de gradualmente normalizar
sua política.
A dirigente pede ainda que os governos fiquem vigilantes aos riscos
do mercado financeiro mundial, principalmente ao crescimento do sistema
não bancário (chamado de "shadow banking") e se preparem para um
ambiente menos favorável, por causa da normalização das políticas
monetárias nos países desenvolvidos. Para os emergentes, a recomendação é
que reconstruam colchões de proteção e as taxas de câmbios sejam usadas
para absorver choques.
Lagarde fala ainda da necessidade de maior cooperação entre os
países, para evitar que distorções se exacerbem na economia mundial. "A
agenda fala da necessidade de reforçar a cooperação para minimizar o
contágio adverso da normalização de política monetária, reavaliação das
estratégias de políticas fiscais e implementação de reformas estruturais
para revigorar o crescimento e a criação de emprego", afirma Lagarde.
"A economia global se fortalece, mas permanece longe de estar robusta."
INFLAÇÃO - Nos países emergentes, Lagarde afirma
que a inflação está acima da meta em vários países e excessos no setor
financeiro são crescentes na China. A dívida corporativa aumentou em
alguns destes mercados, a consolidação fiscal está atrasada e as
reformas estruturais têm sido desiguais. No geral, é preciso lidar com
problemas estruturais nestes mercados, afirma. Na parte final do
documento, Lagarde ressalta ainda que não houve avanços na reforma de
cotas do FMI. Os países emergentes, como Brasil e China, querem mais
poder de voto na instituição.
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