O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o governo
federal e as operadoras já começaram as discussões sobre mudanças no
modelo de concessões de telefonia fixa. As mudanças são necessárias
porque a utilização de telefonia fixa tem diminuído e pode acabar
incorporada pelos serviços de voz pela internet. Os contratos de
concessão têm validade até 2025, mas Bernardo considera a possibilidade
de a telefonia fixa desaparecer antes disso. "Faltam dez anos, é um
prazo razoável, mas pode ser que em 2020 ninguém mais use o telefone",
afirmou a jornalistas em entrevista após participar de evento com
empresários do setor.
O ministro sugeriu que os contratos sejam revistos em comum acordo
com as operadoras. Uma possibilidade seria as empresas passarem a
oferecer pela mesma concessão também a banda larga. "Faz mais sentido
que a empresa tenha a possibilidade de oferecer internet e serviços
integrados do que só telefonia", sugeriu. "Temos que fazer uma mudança
legal, com base na revisão dos contratos para que a empresa passe
também, em regime público e regime privado, a oferecer banda larga",
comentou, observando que ainda não existe um modelo de proposta já
pronto.
"Temos que repensar esses contratos, repactuando. Não se pode enfiar
nada na garganta de ninguém, pois temos contratos e precisam ser
respeitados", afirmou o ministro. Ele admitiu que haverá necessidade de
apresentar atrativos para as empresas atuaram no segmento de banda larga
pública, mas disse também que as concessões não são um "self service",
em que se pega apenas aquilo que se quer.
Bernardo disse acreditar que a discussão sobre esse tema tende a
evoluir em 2015, junto com as discussões sobre o plano geral de metas da
universalização de serviços de telecomunicações.
Bernardo comentou que chegou a ter dúvidas sobre se haveria fôlego
financeiro por parte das empresas do mercado de telecom para dar
andamento ao processo de consolidação, mas avaliou que a aquisição da
GVT pela Telefônica pelo montante de cerca de R$ 22 bilhões afasta esse
questionamento. "Tem gente com dinheiro e apostando que o setor vai
crescer", afirmou.
O ministro reafirmou que o governo federal não fará o papel de
corretor num processo de consolidação do mercado brasileiro e que a
compra de uma empresa por outra é um processo natural. Questionado sobre
possíveis mudanças regulatórias necessárias para viabilizar esse
processo, ele comentou que ainda é cedo para responder.
GVT - De acordo com o ministro, a compra da GVT pela
Telefônica, anunciada algumas semanas atrás, deverá se concretizar sem
obstáculos por parte dos órgãos regulatórios e concorrenciais.
"Não vejo grandes dificuldades. O pessoal do Cade, numa avaliação
preliminar, acha que dá para passar. Talvez tenha alguma exigência",
disse o ministro. Bernardo acrescentou que a GVT não possui espectro de
radiodifusão, que são limitados e implicariam maior complexidade na
avaliação regulatória por parte da Anatel.
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