As
investigações do esquema de corrupção na Petrobras pela Polícia
Federal, na Operação Lava-Jato, revelaram a prática reiterada da estatal
de reajustar contratos no meio das obras, fazendo disparar o custo
final de grandes projetos, como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco,
e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), alvos de
auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU). Documentos obtidos pelo
GLOBO mostram que a estatal também pagou suplementos a contratos de
obra já concluída. É o caso da Termoaçu, termelétrica da Petrobras que
fica no interior do Rio Grande do Norte.
No
final do ano passado, a Petrobras autorizou o pagamento de um valor
extra de R$ 139,8 milhões à construtora Camargo Corrêa a título de
compensação por despesas adicionais como subcontratações durante as
obras da Termoaçu, cinco anos depois da inauguração. A construtora, uma
das acusadas pelas investigações da Lava-Jato de participar de cartel e
do esquema de pagamento de propinas na Petrobras, já havia recebido pelo
menos R$ 690 milhões pela obra.
A
inauguração foi por videoconferência numa universidade de Mossoró, a
125 quilômetros da usina e onde Lula tinha compromisso com a então
governadora do RN, Wilma de Faria. Se tivesse ido pessoalmente à
Termoaçu, Lula poderia ter visto o que observaram executivos da área de
auditoria interna e controladoria da térmica, indicados pela Neoenergia:
a usina tinha várias falhas de construção.
POR ALEXANDRE RODRIGUES - O GLOBO
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