quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Em tom de protesto e ameaça, estudantes da UFRN voltam a pichar unidades acadêmicas

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Os direitos ‘represados’ de liberdade de expressão e a necessidade de um novo modelo de segurança no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) vêm sendo motivos diários de protesto em alguns setores de aula da Universidade. O Departamento de Artes (Deart) é um dos principais alvos das manifestações. Segundo funcionários que trabalham no local, todos os dias surgem novos atos que “depredam” o ambiente acadêmico.

As paredes externas e internas do prédio aparecem cheias de frases delineando tons de protesto, acusações e até ameaças. Uma funcionária do corpo técnico do Departamento de Artes, com identidade preservada por esta reportagem, relatou que os servidores temem trabalhar dentro de um ambiente insalubre e inseguro.

“Nós entendemos que a administração da Universidade está tentando esgotar suas possibilidades de argumento com os alunos e ex-alunos da UFRN que vivem incitando esses atos. Na verdade, a reitoria não quer adotar nenhuma postura agressiva para resolver o problema, mas só quem está aqui no dia-a-dia sabe do ambiente em que estamos trabalhando”, conta.

Na semana passada o prédio do Deart passou por serviços gerais de pintura e reparação. Mas quanto mais se pintam as paredes, mais pichações vão aparecendo nelas. Uma frase escrita em uma das paredes do prédio deixa claro a visão de alguns estudantes que vêm protagonizando os atos: “Nois pixa, vcs pinta. Vamos ver quem tem + tinta”.

Um teatro que está sendo construído ao lado do Deart, estrutura anexa ao Departamento de Artes, também não está sendo poupado nos protestos. Sem nem ter sido inaugurado, as pichações se sobressaem à arquitetura da obra, que servirá de apoio acadêmico.

Foi lá no Departamento de Artes que um grande número de estudantes resolveu protestar contra a administração da UFRN, em novembro do ano passado, chegando a ocupar as dependências do prédio por diversos dias. Na época, as acusações de criminalização pelas autoridades com relação às expressões artísticas levantou o debate sobre liberdade de expressão na Universidade.

Para eles, a UFRN disponibiliza um teatro onde não se pode atuar; uma sala de dança onde não se pode dançar; uma galeria onde não se pode expor quadros; um Departamento de Artes que não aceita manifestação artística. Agora, um novo problema se instalou ente os estudantes de diversos setores do Campus, que também foi abraçado pelos alunos do Deart: a segurança terceirizada.

No final do mês de outubro um grupo de estudantes de vários setores de aula da UFRN ocupou a sala dos colegiados da Universidade, no primeiro andar do prédio da Reitoria. O motivo: um aluno teria sofrido uma nova agressão de um segurança terceirizado dentro das dependências da universidade. Com faixas e barracas armadas no local, os estudantes queriam que a reitora Ângela Paiva Cruz cumprisse com os compromissos feitos há dois anos quando houve um episódio semelhante – um suposto segurança teria apontado arma de fogo para um aluno.

“Ocupamos a reitoria contra as arbitrariedades por parte da equipe de segurança, tanto a segurança terceirizada, da empresa Garra, quanto do Departamento Segurança Patrimonial (DSP). Dia nove passado, eles espancaram um estudante do Setor II. Puxaram seu cabelo, com sinais de tortura”, contou uma aluna que participou da ocupação.

Nesta sexta-feira (8), uma assembleia de estudantes deverá acontecer em um acampamento montado por trás do Departamento de Artes. Na oportunidade, os alunos irão conversar sobre o que precisa ser feito para que a Universidade atenda as reivindicações. Ontem, sem motivos aparentes, os acessos do Deart às salas de aula foram fechados. Cursos de Teatro, Dança, Design e Artes Visuais, que são ministrados lá, deverão ficar sem aulas até segunda ordem.

“Foi isso que nos informaram, sem nenhuma justificativa. Não sei o que eles querem com isso. Em nossa assembleia também vamos discutir esse assunto. Não podemos ficar sem aula, logo no final do ano. São muito problemas que acontecem conosco e ninguém sabe, até porque o Deart é o Departamento mais afastado da Universidade. Somos excluídos de tudo. Tem situações que até o circular deixa de passar por aqui”, disse um aluno que está acampado no Campus.

O Jornal de Hoje 

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