quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Jorge Beltrão quebra o silêncio e depõe, de olhos fechados

O julgamento do trio acusado de matar, esquartejar, ocultar o cadáver e praticar canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila em Olinda no ano de 2008, recomeçou por volta das 13h30 desta quinta-feira, após intervalo para o almoço.

Jorge Beltrão, um dos acusados, quebrou o silêncio durante o júri. Apesar de confessarem os crimes na fase policial, ele e as outras acusadas, Isabel Pires e Bruna Silva, não se pronunciaram nas audiências.

Ele começou o depoimento alegando que tomava remédio controlado e confirmando que a morte de Jéssica esta escrita no livro" Relatos de um Esquizofrênico", de sua autoria. De olhos fechados, Jorge disse estar muito arrependido da morte de Jéssica e dos crimes praticados em Garanhuns, adiantando que não quer mais falar sobre os casos do Agreste.

"Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam seus entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência. Mesmo em depressão, mesmo tomando remédio controlado até hoje. Meu colegas de cela ficam agoniados quando estou sem remédio porque dizem que eu fico nervoso, agitado. mas eu não lembro disso. Sei que fico sem dormir, com baixa estima e depressão profunda. E essa depressão é por causa das vítimas", disse.

Perguntado sobre quantas pessoas tinha matado , disse que "só as três" e disse que não tinha relacionamento com Jéssica, só amizade. "Foi uma extrema fraqueza", falou para justificar a morte da adolescente. "Confesso que errei ao usar o nome do meu irmão quando fiz o registro na Paraíba", acrescentou.
Questionado sobre a seita denominada Cartel, Jorge disse: "Essa seita foi algo criado por mim, por Bel e por Bruna. Há muito tempo, tinha falado da seita com amigos. Mas ficou só na vontade. Foi quando resolvi fazer esse trabalho com Bel e Bruna. Cheguei a fazer doações para ONGs e umas três ou quatro famílias. Fazíamos doações de alimentos e denominamos de Cartel".

O acusado terminou o depoimento pedindo para rezar: "Meritíssima , com todo respeito. Gostaria de fazer uma oração: Pai celestes, em nome do seu filho Jesus, obrigado pela oportunidade de falar a verdade. De estar aqui pagando por algo que fiz. Também gostaria de pedir consolo para as famílias que perderam seu parentes, e também por Bel e por Bruna. É tudo isso que quero pedir e agradecer. Obrigado meritíssima."

Em seguida, teve início a fase das perguntas do Ministério Público: "O senhor se lembrou de fazer oração no momento de matar as vitimas?", questionou a promotora Eliane Gaia. Ele disse que não, porque estava errado, mas agora estaria participado de cultos.

"O senhor me pareceu uma pessoa muito esquecida", ironizou a promotora, ao perguntar se Jéssica atendia às características da seita. Jorge respondeu, dizendo que a seita era para um mundo mais perfeito, com pessoas que produzissem trabalho da terra. "Não tinha um líder, nos combinávamos entre nós. Bruna sempre apoiava e às vezes vinha com requisitos, como por exemplo a explosão demográfica. Pessoas demais no mundo, pessoas que tem filhos por ter", acrescentou, dizendo que o significado de cartel é organização e, por isso escolheu esse nome para a seita.


Diário de Pernambuco 

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