O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) descartou na noite desta
terça-feira (4) a organização de uma auditoria pela própria Corte no
sistema de apuração e totalização do segundo turno das eleições
presidenciais, mas atendeu ao pedido do PSDB para liberar documentos
relativos à votação.
Os ministros passaram mais de duas horas debatendo o tema e apontaram
que todos os documentos pleiteados pelo PSDB já são previamente
disponibilizados pela legislação e, alguns, inclusive são de acesso
público na internet. Não foi admitida, contudo, a organização de uma
comissão de análise formada pelos partidos para auditar os documentos. A
partir de agora, o PSDB pode, ele mesmo, fazer a auditoria com base nos
dados entregues.
Na ação levada à Justiça Eleitoral, o PSDB pedia, além da
disponibilização dos documentos, a criação de uma comissão de
representantes dos partidos políticos para analisar as memórias das
urnas. O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, relator do caso,
afirmou que o PSDB não possui legitimidade para postular pela criação de
uma comissão, pois não pode requerer em nome de outros partidos. Com
isso, na prática, o TSE apenas libera os documentos para os tucanos, mas
não deve encabeçar uma auditoria oficial.
Toffoli passou mais de 1 hora e meia em um voto com direito a
retrospectos históricos, leitura de legislação e alguma exaltação. Ele
citou, por exemplo, que o sistema de votação por urna eletrônica já
completou 18 anos e descreveu diversos sistemas de fiscalização e
confiabilidade do sistema eleitoral.
Em tese, o pedido do PSDB não precisaria nem ser analisado pela
Corte. Primeiro, de acordo com Toffoli, porque foi assinada por delegado
do partido – que não teria legitimidade. Em segundo lugar, de acordo
com Toffoli, a petição dos tucanos “não revela ato concreto nem indício
de fraude”. Os ministros decidiram debater o tema para esclarecer a
transparência do processo eleitoral.
Para conseguir os documentos, o PSDB deverá arcar com as custas
devidas e encaminhar os pedidos para TSE, juntas eleitorais e Tribunais
Regionais Eleitorais. “Tudo aquilo que está pedido já foi previamente
garantido, com grande antecedência em relação à data das eleições”,
afirmou Toffoli.
O ministro Gilmar Mendes chegou a dizer que o pedido “de
esclarecimento” do PSDB “não é uma ofensa” e mencionou que a auditoria
não é infundada, já que a própria presidente Dilma Rousseff chegou a
dizer que durante eleição “é feito o diabo” e o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou “não sabem do que somos capazes para
garantir a reeleição”. “Esse tipo de afirmação gera este tipo de
suspeita (sobre as eleições)”, criticou Gilmar.
A decisão de autorizar a liberação dos documentos ao PSDB e negar a
criação de uma comissão foi aprovada por unanimidade na Corte.
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