O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, saiu em defesa das
investigações da Operação Lava-Jato, que revelou a existência de uma
organização criminosa responsável por desvios bilionários na Petrobras.
Em nota divulgada neste sábado, Janot informou que “não permitirá que
prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros desta
instituição”.
Ele disse também que o Ministério Público Federal (MPF) “cumprirá seu
dever constitucional e conduzirá a apuração nos termos da lei, com o
rigor necessário”. Defendeu ainda o uso da delação premiada, que “tem
permitido conferir agilidade e eficiência à coleta de provas, de modo a
elucidar todo o esquema criminoso”.
Janot não especificou que tentativas de desacreditar as investigações
foram essas, mas diz que soltou a nota “em função das recentes notícias
veiculadas na imprensa”. Segundo ele, a investigação é “técnica,
independente e minuciosa”. Em sua última edição, a revista “Istoé”
trouxe matéria dizendo que Janot se reuniu com empreiteiras e propôs
plano para impedir que Planalto seja investigado no escândalo. Segundo a
revista, as empreiteiras também admitiriam alguns crimes, e em troca
poderia, continuar disputando obras públicas e seus executivos
cumpririam pena em regime domiciliar. À revista, Janot negou que tenha
proposto o acordo. Na nota, ele não faz referência à matéria da revista.
No comunicado, o procurador ressaltou também a dimensão da “rede
criminosa”. Segundo ele, a Operação Lava-Jato envolve pelo menos nove
crimes: improbidade administrativa, corrupção ativa, corrupção passiva,
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude à
licitação, formação de cartel e associação criminosa.
Na maior parte da nota, Janot faz um resumo da operação, que “apura a
existência de um grande esquema criminoso instalado no país”. Lembra
que, diante do tamanho do esquema, e da prioridade do MPF ao combate à
corrupção, foi constituída uma força-tarefa composta por procuradores da
República “qualificados e experientes em investigações de alta
complexidade, garantindo-lhe todas as condições necessárias para o seu
funcionamento”. A nota informa também que a investigação já revelou
graves irregularidades envolvendo a Petrobras, empreiteiras e outros
agentes. Entre os crimes investigados, diz Janot, estão corrupção ativa,
corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão
de divisas, fraude à licitação, formação de cartel, associação
criminosa, além de atos de improbidade administrativa.
Veja a íntegra:
“Em função das recentes notícias veiculadas na imprensa, o procurador-geral da República esclarece:
1. No caso conhecido como Lava-Jato, o Ministério Público Federal
apura a existência de um grande esquema criminoso instalado no País,
envolvendo crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude à licitação,
formação de cartel, associação criminosa, além de atos de improbidade
administrativa.
2. Ante a dimensão da rede criminosa investigada, o montante dos
valores envolvidos e considerando a prioridade dada pelo Ministério
Público Federal ao combate à corrupção, em abril de 2014, o
procurador-geral da República constituiu uma Força-Tarefa composta por
procuradores da República qualificados e experientes em investigações de
alta complexidade, garantindo-lhe todas as condições necessárias para o
seu funcionamento. A investigação vem sendo realizada em conjunto com o
gabinete do procurador-geral da República, que tem a atribuição de
processar as autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal.
3. Em respeito à função institucional de defender a sociedade e
combater o crime e a corrupção, o Ministério Público Federal cumprirá
seu dever constitucional e conduzirá a apuração nos termos da lei, com o
rigor necessário. O procurador-geral da República não permitirá que
prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros desta
instituição.
4. Até o momento, a investigação revelou a ocorrência de graves
ilícitos envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e outros agentes que
concorreram para os delitos, o que já possibilitou ao Ministério Público
Federal adotar as primeiras medidas judiciais. A utilização do
instrumento da colaboração premiada tem permitido conferir agilidade e
eficiência à coleta de provas, de modo a elucidar todo o esquema
criminoso.
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5. Medidas judiciais continuarão a ser tomadas como consequência
dessa investigação técnica, independente e minuciosa. O Ministério
Público Federal reafirma seu dever de garantir o cumprimento da lei”.
O Globo
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