Em menos de dois meses, consórcios formados por empresas envolvidas na
operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção em contratos da
Petrobras, demitiram mais de 12 mil trabalhadores em todo o Brasil,
segundo balanços das centrais sindicais. Para as próximas semanas, são
esperadas novas rescisões, especialmente por causa da deterioração
financeira de muitas empresas que caminham para a recuperação judicial -
ou já entraram nesse processo. A situação é grave. De um dia para o
outro, centenas de trabalhadores ficaram sem emprego e sem dinheiro -
muitos deles ainda não receberam a indenização da rescisão e estão em
sérias dificuldades financeiras. Os piores casos são verificados na
Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), dois megaempreendimentos da Petrobras que envolvem centenas
de contratos com empreiteiras. Mas, segundo os sindicatos, as demissões
também atingem projetos no Rio Grande do Sul e Bahia.
Os problemas
surgiram com a sétima fase da operação Lava Jato, da Polícia Federal,
desencadeada na primeira quinzena de novembro e que prendeu executivos
de várias construtoras, como Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior, UTC,
Engevix, Iesa, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão. No fim de dezembro, a
situação se complicou ainda mais com a lista de 23 empresas proibidas
de participar de novas licitações da Petrobrás. Sem crédito no mercado e
com o caixa debilitado pela falta de pagamento da estatal, que também
não tem reconhecido aditivos bilionários das contratadas, as
construtoras começaram a atrasar salários e a demitir. A campeã de
desligamentos é a Alumini (ex-Alusa), que pediu recuperação judicial na
quinta-feira. Na Refinaria Abreu e Lima, demitiu 5 mil funcionários, mas
pagou apenas 58% do valor da rescisão, afirma o diretor do Sindicato
das Indústrias de Construção de Pernambuco (Sintepav), Leodelson Bastos.
Segundo ele, a irregularidade no pagamento das rescisões tem sido geral
nas obras da Abreu e Lima.
"Na Engevix, 700 funcionários foram
demitidos e, por enquanto, eles só receberam o FGTS. Na Galvão, apenas
60% dos mil demitidos receberam." No consórcio Coeg, formado pelas
empresas Conduto e Egesa, 500 funcionários foram mandados embora e 337
ainda não receberam a indenização, completou ele. "Aqueles que continuam
trabalhando para o consórcio estão com os salários atrasados." A
Engevix afirmou que, como as demissões ocorreram em dezembro, nem todos
os processos foram concluídos.
Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário