Apesar das recentes medidas adotadas para incentivar o uso do
transporte coletivo, como as faixas exclusivas, o número de carros e
motos emplacados na capital paulista não para de aumentar — e em um
ritmo maior do que nos últimos anos. Segundo estatísticas do
Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo, a quantidade de
automóveis que começaram a circular nas vias paulistanas no ano passado
cresceu 3,4% em relação a 2013. No mesmo período, 4,5% mais motocicletas
foram para as ruas.
Em 2014, 186 mil carros (509 por dia) e 45 mil motos (123 por dia)
foram acrescentados à frota da cidade, ante 130 mil e 32 mil dois anos
atrás. O número de carros chegou a 5,63 milhões e o de motos, 1,04
milhão.
Na avaliação de especialistas, a situação só deve mudar com a melhora
da qualidade do serviço de ônibus. Como revelou o Estado na semana
passada, em 2014 o número de usuários nos coletivos administrados pela
São Paulo Transporte (SPTrans) caiu 0,3%. E, embora a cidade já tenha
465 km de faixas exclusivas, esse mecanismo não é suficiente.
Para Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em Transportes pela USP
(Universidade de São Paulo) (USP), a população opta pelos meios de
deslocamento "menos ruins".
— O tempo é o bem mais precioso e as pessoas têm levado até 5 horas
para ir e voltar do trabalho de ônibus. Com uma moto paga à prestação,
por exemplo, essa pessoa poderia voltar mais cedo para casa.
Foi o que fez o universitário Thiago Anastacio, de 30 anos. Usuário
contumaz de trens e ônibus, ele, que mora em Carapicuíba, na Grande São
Paulo, comprou uma moto alguns meses após começar a estudar em uma
faculdade na Barra Funda, na zona oeste.
— Eu pagava R$ 12 por dia para ir voltar de trem e ônibus. Agora, com a
moto, gasto R$ 7. Deixaria a moto de lado se o sistema de transporte
público fosse mais barato e rápido.
Já o consultor de Tecnologia da Informação David Ribeiro, de 32 anos,
decidiu comprar uma moto há quatro meses, depois que mudou de emprego.
Ele vive na região de Interlagos, na zona sul, e sempre andou de
transporte público. Antes, trabalhava no centro. "Mas agora, meu
trabalho é em Moema e lá não tem metrô nenhum perto".
— Não quero depender de ônibus. Por isso, comprei a moto. Com ela, faço
o percurso em 25 minutos. De ônibus, em no mínimo uma hora e meia.
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