O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
delator da Operação Lava Jato, admitiu nesta sexta feira (13), que não
foi o único dirigente da estatal que recebeu propinas para não
atrapalhar a compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. Em depoimento à
Justiça Federal, Costa disse que US$ 1,5 milhão lhe foi passado pelo
lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado com operador do
PMDB na estatal petrolífera.
O juiz Sérgio Moro, que conduz todas ações da Lava Jato, perguntou a
ele se Fernando Baiano lhe disse se outros diretores também receberam
propina por Pasadena. “Ele (Baiano) não falou, mas, se eu recebi, outros
receberam. Por que só eu receberia?” Renato Duque, por meio de sua
defesa, tem reiterado que jamais recebeu propinas.
Costa afirmou também que não era o único dirigente da estatal que
recebeu “vantagens indevidas” do cartel empreiteiras. Costa afirmou que
2% sobre o valor dos contratos de sua área eram desviados para a o PT,
via Diretoria de Serviços da estatal. O partido, segundo ele, captava 3%
de outras diretorias.
Delator da Lava Jato, Costa foi ouvido na Justiça Federal em Curitiba
como testemunha de acusação de dois réus, o ex-diretor de
Internacional, Nestor Cerveró, e o lobista Fernando Antônio Falcão
Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de
corrupção da Petrobras. Ele reafirmou todos os termos de sua delação
premiada, esmiuçando os porcentuais sobre contratos do cartel para cada
área da estatal e para agremiações políticas.
O juiz Moro perguntou. “Essa aquisição foi pela sua diretoria?” Costa
respondeu. “Não, a minha diretoria se restringia a atividades no
Brasil. Como a refinaria fica no exterior, (a compra) foi conduzida pela
Diretoria Internacional. O Nestor Cerveró era o diretor na ocasião.”
O juiz perguntou ao delator porque ele recebeu o dinheiro de propina.
“Fui procurado no final de 2005 pelo Fernando Soares (Fernando Baiano),
ele me falou que era importante que essa refinaria fosse adquirida. Se
foi um bom negócio naquele momento ou não, na minha visão como técnico,
independente de qualquer desvio de dinheiro, no momento foi um bom
negócio para a Petrobras. Ele falou: ‘Paulo, é bom que seja aprovado, se
você não criar nenhum problema aí no colegiado você recebe 1,5
milhão’”. De dólares ou reais?, questionou o juiz. “De dólares”,
respondeu Costa.
(Fonte: Estadão Conteúdo)
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