Apesar de o dólar ter fechado a última segunda-feira (23) com queda
de 2,66%, ainda está longe de impedir a alta do trigo e,
consequentemente, do pãozinho francês. Depois de sucessivas elevações, o
peso da moeda estrangeira já influencia no custo do trigo - já que o
País importa metade do insumo - e no bolso do consumidor, que nos
próximos dias vai encontrar o produto 10%mais caro, em média. Embora a
alta não seja unânime, pois cada panificadora mantém uma planilha de
custos diferente, os empresários amargam despesas e não veem
alternativas a não ser repassar o preço ao cliente. Hoje, o saco de
trigo custa R$ 95, média, e a projeção é que ele suba para R$ 100.
Sócia da Panificadora Pan Shop, Sandra Brás contou que vem tentando não
repassar o aumento, mas disse está difícil. Além da alta do dólar,
registrou também o aumento da eletricidade e da água. “Muitas padarias
usam forno elétrico e o preço da energia pesa muito. Mesmo quem usa
forno a lenha tem sentido impacto por causa das outras máquinas, como o
misturador”, explicou. Esse cenário já foi responsável por reajustar o
preço da farinha de trigo no mês passado, em10%, e agora já foi avisada
pelo seu fornecedor que nas próximas semanas virá um novo aumento. “Não
falaram de quanto será, mas está se falando em 10% novamente. O trigo é
quase todo importado e como dólar do jeito que está não tem o que
fazer”, lamentou.
O dono da Padaria Massa Nobre, Ronaldo Rodrigues, disse que em 12 meses o
trigo aumentou 22% e que apenas 5% foi incluído no preço final do
pãozinho. “Fizemos isso nas últimas, agora em março”, afirmou. Para ele,
não vale a pena garantir o percentual cheio, pois o mercado está
retraído. Desde janeiro a conta só aumenta para Rodrigues. “Dissídio da
categoria, energia elétrica e pressão do dólar na farinha e nos
derivados. Se até abril as coisas não reverterem, vamos passar adiante,
pelo menos, 5%”, destacou.
Na análise do diretor-executivo da Associação Brasileira de Panificação
(ABIP), Joaquim Sousa, essa situação acontece porque o Brasil não é um
recordista no consumo de pão, então seria fácil abrir mão do produto.
Hoje, o País consome 30 quilos per capita por ano de pão, enquanto que o
Chile e os países da Europa consomem entre 50 e 60 quilos. “Elevar o
preço é um sacrifício para o panificador porque o cliente pode desistir
de comprar naquela empresa. Por isso, temos que ter cuidado para o
reajuste não ficar fora da realidade”, explicou. Sousa reiterou não te
como mensurar o percentual exato do aumento e que cota ficará sob
responsabilidade de cada empresário.
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