A disputa pelo centro de conexões de voos domésticos e internacionais
do grupo Latam Airlines, no Nordeste, ressuscitou antigas disputas
regionais, como aconteceu na atração da Fábrica da Jeep. O investimento
privado que pode gerar até 12 mil empregos diretos e indiretos –
decisão que será tomada até o final do ano – brilha não só nos olhos dos
trabalhadores, num momento de crise econômica como este, como de
governadores que querem terminar o primeiro ano de mandato com uma
marca. Três estados são cotados para ganhar o empreendimento –
Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte -, mas os holofotes do meio
empresarial e das lideranças políticas estão centrados nos dois
primeiros. O desafio de colocar o Nordeste no mapa dos voos
internacionais está lançado, portanto, ao governador cearense Camilo
Santana (PT) e ao pernambucano Paulo Câmara (PSB), ambos à frente das
negociações.
Recife e Fortaleza, respectivas capitais de Pernambuco e do Ceará,
têm maior potencial (econômico e político) para conquistar o novo
equipamento, que demandará investimentos
de aproximadamente R$ 4 bilhões. Denominada hub, em inglês, a nova
plafatorma giratória de voos permitirá conexões entre o Nordeste e
grande parte da América do Sul e Europa, bem como América do Norte,
África e Oriente Médio.
Se algum nordestino quiser viajar para a Argentina, por exemplo, não
precisará parar em São Paulo e passar horas esperando por outro voo que
leve a Buenos Aires.
Formado pela brasileira TAM e a chilena LAN, o grupo Latam disse que a
escolha do estado vai pesar, entre alguns pontos, a localização
geográfica, a infraestrutura dos aeroportos e o potencial de crescimento
dos terminais. É justamente por estes motivos que o Rio Grande do
Norte, segundo informações em reserva
de empresários e políticos, começou a ser visto como carta fora do
baralho, mesmo sem ter saído oficialmente da disputa. A única vantagem
do aeroporto de Natal, capital potiguar, é o pátio de aeronaves. Mas o
equipamento do estado vizinho fica longe do centro, sendo distante dos
pontos turísticos, como Guarulhos, de São Paulo.
Pernambuco tem uma vantagem sobre os adversários, segundo Paulo
Câmara. Está no centro do Nordeste, distante 300 quilômetros de três
capitais, e seu aeroporto fica no Recife, sendo considerado o melhor do
país na premiação promovida pela Secretaria de Aviação Civil. O desafio
pernambucano, contudo, é melhorar a infraestrutura da própria capital
(especialmente a mobilidade) e conseguir que a Aeronáutica ceda terreno
para ampliar o terminal de passageiros, o que depende de decisão
política.
Para o governador do Ceará, contudo, a dianteira permanece com
Fortaleza. Integrante da base aliada de Dilma Rousseff, Camilo Santana
está confiante na articulação política e no potencial econômico da
cidade, bem como nos pontos turísticos.
A presidente executiva da TAM, Cláudia Sender, faz, por sua vez,
questão de deixar a disputa em aberta, destacando os critérios técnicos
para a escolha do estado. Apesar das paixões e torcidas estarem a mil, o
grupo afirma que vai levar em consideração as condições mercadológicas,
econômicas e de infraestrutura de cada estado.
Fonte: Diário de Pernambuco
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