Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do
PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), divulgou nota nesta sexta (24) em
desagravo ao peemedebista. Falando em nome da bancada do partido na
Casa, Picciani afirma que os deputados da sigla não vão aceitar
"especulações" que enfraqueçam a autoridade institucional do presidente
da Câmara.
A defesa ocorre no momento em que Cunha anunciou rompimento com o
Palácio do Planalto após ser acusado de ter recebido R$ 5 milhões em
propina no esquema de corrupção da Petrobras. A informação foi revelada
por um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista Julio Camargo.
Nos bastidores, um grupo de deputados defende que Cunha se afaste do
comando da Câmara enquanto durarem as investigações, especialmente se o
parlamentar for denunciado pela Procuradoria-Geral da República por
envolvimento nas irregularidades da Petrobras.
Ao contrário da bancada do PMDB, o comando nacional do partido afirma
que a decisão de Cunha romper com o governo federal é uma "posição
pessoal" e que qualquer decisão partidária só vai ser tomada após
consulta às "instâncias decisórias" do partido.
Diversos líderes da sigla também criticaram nos bastidores a reação
do deputado, deixando Cunha isolado na postura de bater de frente com o
Planalto. Na nota, Picciani afirma que todos os cidadãos brasileiros
estão sujeitos a investigação "não importa quanto poder ou riqueza
possuam", mas a democracia prevê o direito à ampla defesa.
"Não
existe julgamento sumário. A presunção da inocência está prevista na
Constituição, a qual juramos defender", afirma o líder.
Segundo Picciani, nos cinco meses em que está na Presidência da
Câmara, Cunha conseguiu "resgatar a relevância do parlamento" e imprimiu
maior ritmo de trabalhos aos deputados. "Temas há muito exigidos pela
sociedade e jamais colocados em pauta foram finalmente enfrentados",
afirma o líder.
Picciani diz, ainda, que a credibilidade do Legislativo passa pela
"rapidez com que consegue ouvir e atender às demandas das ruas". "A
democracia e seus preceitos são cláusulas pétreas das quais a nossa
bancada não abrirá mão."
O vice-presidente da República Michel Temer, que é presidente do
PMDB, acumula o cargo com a articulação política do governo. Diversos
líderes peemedebistas são contrários ao rompimento com o Planalto neste
momento, embora defendam candidatura própria do PMDB em 2018 -o que
provocaria o desembarque do governo em um futuro próximo.
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