Preso há quase cinco meses em Curitiba, o ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque está disposto a entregar à Polícia Federal (PF) e
ao Ministério Público Federal (MPF) informações sobre políticos que
atualmente exercem cargos públicos e que se beneficiaram do esquema de
corrupção montado na estatal.
A menção a nomes de pessoas com foro privilegiado é a principal promessa do ex-dirigente, que nos próximos dias se reúne com representantes do MPF para as primeiras reuniões de negociação de eventual acordo de delação premiada. Se confirmada, também fará com que a delação seja submetida a homologação no Supremo Tribunal Federal (STF), em vez da Justiça de primeira instância.
Na última sexta-feira, a família de Renato Duque assinou contrato
com o escritório Arns de Oliveira & Andreazza, de Curitiba, que
conduziu a delação dos ex-executivos da Camargo Corrêa, Eduardo Leite e
Dalton Avancini. Os antigos advogados de Duque, Alexandre Lopes, Renato
de Moraes e João Balthazar de Matos, comunicaram à Justiça nesta
segunda-feira que renunciaram à defesa do acusado.
Apontado como ex-dirigente ligado ao PT, Renato Duque ocupou a
Diretoria de Serviços da Petrobras entre 2003 e 2012, durante os dois
mandatos do ex-presidente Lula e o início do primeiro mandato de Dilma.
Preso desde março deste ano, em Curitiba, Duque está detido no Complexo
Médico-Penal, em Pinhais (PR) e está bastante abatido, segundo pessoas
que estiveram com ele nesta semana.
Para que a delação seja aceita, o ex-diretor deve apresentar
colaborações para as ações penais e inquéritos em curso, que o envolvem
diretamente, mas também apresentar novos fatos que ajudem a PF e o MPF a
apurar crimes de corrupção envolvendo a estatal. Em troca, o dirigente
teria sua pena reduzida, em caso de condenação.
Duque é acusado de chefiar um dos grupos que fraudava licitações em
benefício de empresas que pagavam propina a ele e ao PT. Sua relação
com o esquema de corrupção na estatal foi denunciado por seu ex-braço
direito e um dos delatores da Lava-Jato, o ex-gerente de Engenharia
Pedro Barusco.
Agência O Globo
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