A
alimentação é a pressão seletiva básica de todas as formas de animais.
Segundo a pesquisadora do Centro de Biociências da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (CB/UFRN) Poliana Gabriele Alves de Souza Lins,
modelos em ecologia nutricional de primatas preveem as consequências do
consumo de alimentos preferidos e não preferidos no comportamento,
fisiologia e morfologia dos animais.
“Ao
mesmo tempo, modelos sócio-ecológicos inferem no padrão de organização
social a partir do tipo de competição alimentar enfrentada pelos
animais. A definição de alimentos preferidos, e inferências sobre a
intensidade de competição e suas consequências comportamentais são
informações valiosas para manejo desses animais. No trabalho observamos o
comportamento alimentar e posicionamento espacial de um grupo de mais
de 100 macacos-prego galego (Sapajus flavius) que habitam um fragmento
de Mata Atlântica, cercado por plantações de cana-de-açúcar” comenta a
pesquisadora.
De
acordo com os dados da pesquisa, embora as frutas sejam itens
alimentares preferenciais, a taxa de competição direta não se
correlacionou com a sua produtividade, mantendo-se a índices elevados
durante todo o ano (2,45 eventos / hora). O índice de distância
inter-individual correlacionou positivamente com a pluviometria
indicando variação na competição indireta por alimentos.
“O
número de vizinhos das fêmeas com filhotes foi menor quando a
produtividade de frutos era baixa, indicando que elas estão sofrendo
alta competição indireta. Nossos dados indicam que esse grupo faz uso de
cana-de-açúcar como alimento reserva estável, o que evidencia a
importância da matriz circundante ao fragmento para a sobrevivência
desta espécie criticamente ameaçada de macaco-prego no Nordeste do
Brasil” destaca Poliana Alves.
De
acordo a pesquisadora, tanto a preferência alimentar quanto as
consequências sócio-comportamentais da alta competição alimentar
vivenciada pelos animais precisam ser acompanhadas ao longo dos anos
para assegurar a sobrevivência destes animais.
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