Sexta maior economia do mundo, o Brasil ainda está entre os cem países
com os piores indicadores de trabalho escravo, segundo o primeiro Índice
de Escravidão Global.
O Brasil ocupa o 94º lugar no índice de 162 países (com a Mauritânia no
topo da lista, apontado como o pior caso). Trata-se da primeira edição
do ranking, lançado pela Walk Free Foundation, ONG internacional que se
coloca a missão de identificar países e empresas responsáveis pela
escravidão moderna.
Um relatório que acompanha o índice elogia iniciativas do governo
brasileiro contra o trabalho forçado, apesar do país ainda ter, segundo
estimativas dos pesquisadores, cerca de 200 mil pessoas nesta condição.
Segundo o índice, 29 milhões de pessoas vivem em condição análoga à
escravidão no mundo; são vítimas de trabalho forçado, tráfico humano,
trabalho servil derivado de casamento ou dívida, exploração sexual e
exploração infantil.
Nas Américas, Cuba (149º), Costa Rica (146º) e Panamá (145º) são os
melhores colocados, à frente dos Estados Unidos (134º) e Canadá (144º),
dois países destinos de tráfico humano. O Haiti ocupa o segundo pior
lugar no ranking geral, sobretudo por causa da disseminada exploração de
trabalho infantil.
O pesquisador-chefe do relatório, professor Kevin Bales, disse em nota
que "leis existem, mas ainda faltam ferramentas, recursos e vontade
política" para erradicar a escravidão moderna em muitas partes do mundo.
BRASIL
No Brasil, o trabalho análogo à escravidão concentra-se sobretudo nas
indústrias madeireira, carvoeira, de mineração, de construção civil e
nas lavouras de cana, algodão e soja.
A exploração sexual, sobretudo o turismo sexual infantil no nordeste,
também são campos sensíveis, segundo o relatório, que cita ainda a
exploração da mão de obra de imigrantes bolivianos em oficinas de
costura.
Através de informações compiladas de fontes diversas, os pesquisadores
calcularam um percentual da população que vive nessas condições - foi
assim que a ONG chegou à estimativa de que cerca de 200 mil brasileiros
são vítimas da escravidão moderna.
Apesar do quadro ainda preocupante, as ações do governo brasileiro
contra o trabalho escravo são consideradas "exemplares". A ONG elogia
ainda o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo e o Plano
Nacional contra o Tráfico Humano, além da chamada "lista suja do
trabalho escravo" do Ministério do Trabalho, que expõe empresas que usam
mão de obra irregular.
O relatório recomenda a aprovação da PEC do trabalho escravo, em
tramitação no Senado, que prevê a expropriação de propriedades que
exploram trabalho forçado. Recomenda ainda que a "lista suja do trabalho
escravo" seja incorporada à lei e que as penas para quem for condenado
por exploração sejam aumentadas.
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