A falta de chuvas no interior do estado vem mudando o perfil dos
pecuaristas potiguares nos últimos dois anos. Castigados pela seca,
muitos deles resolveram investir menos no rebanho bovino e apostar nos
caprinos e ovinos, por serem animais de pequeno porte e mais resistentes
a estiagem. No Rio Grande do Norte, já são quase 700 mil cabeças de
ovinos e caprinos. Na Festa do Boi 2013, 3 mil – dos 6 mil animais
presentes – são ovinos e caprinos. O evento acontece no Parque de
Exposições Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, até o próximo domingo (20).
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Caprino Boer,
Marcelo Abdon, conta que "mais da metade do rebanho bovino do Rio Grande
do Norte morreu de 2011 pra cá. Principalmente este ano, que a seca foi
mais forte". E completa: "Ninguém vê notícia de bode e ovelha morrendo.
Só boi". Ele diz que a procura por reprodutores das raças Boer
(caprino) e Dorper (ovino) vem aumentando consideravelmente aqui no
estado, principalmente em municípios como Lajes, Pedro Avelino e Afonso
Bezerra. Seja porque o criador não consegue repor o gado perdido na
seca, ou porque percebeu que pode ser relativamente mais barato e mais
fácil manter o animal em meses do ano em que o clima não é favorável. "A
refeição de uma vaca alimenta até 25 bodes e ovelhas.
Proporcionalmente, sai bem mais em conta", compara Marcelo.
Criado em mais de 120 países, o caprino da raça Boer chegou ao Brasil
em meados da década de 90. Animais como ele são usados para o corte,
para o fornecimento de carne. O criador Junior Dantas tem um pequeno
rebanho de 55 caprinos e ovinos no município de Timbaúba dos Batistas,
na região do Seridó potiguar. Ele afirma que o grande objetivo da
criação é o fornecimento da carne para açougues e restaurantes da
região, mas que também busca o melhoramento genético. Assim, ele poderá
negociar os seus melhores lotes em feiras como a Festa do Boi, que é a
maior exposição de animais e máquinas agrícolas do Rio Grande do Norte.
O criador ainda diz que, hoje em dia, a solução para o pecuarista
potiguar é investir em caprinos e bovinos. "Eles comem menos e bebem
menos porque são menores e mais resistentes. A economia de água é
grande. Enquanto um boi bebe de 40 a 50 litros por dia, um bode toma uns
6 litros", explica. Além disso, a gestação desses animais duram apenas 5
meses – contra 9 meses da gestação da vaca – e geram de 2 a 3 filhotes.
Após 40 dias, a fêmea já está pronta para entrar em outra gestação e
garantir de 4 a 6 filhotes por ano.
6 mil ovinos, caprinos, bovinos e equinos seguem em exposição no Parque
Aristófanes Fernandes até o próximo dia 20. Até lá, cerca de 500 mil
pessoas devem passar por aqui. Para entrar no parque, o visitante paga
um valor de R$4 (inteira) e R$2 (meia), inclusive no final de semana. A
visitação pode ser realizada até às 22h.
Leilões
Leilões
Na noite desta quarta-feira (16) ocorreu o VII Leilão União Potiguar,
com caprinos da raça Boer e ovinos da raça Dorper. Foram 40 animais das
melhores fazendas do estado leiloados no Tattersal José Bezerra de
Araújo, localizado no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, em
Parnamirim, onde acontece a Festa do Boi 2013, até o próximo domingo
(20). Em média, cada um foi vendido por R$3120, gerando um montante de,
aproximadamente, R$125 mil. Na última terça-feira (15), aconteceu o
leilão do cavalos da raça Quarto de Milha, normalmente usado nos
circuitos de vaquejada. Na ocasião, mais de R$1,5 milhão foram
negociados na venda dos equinos. Os leilões da Festa do Boi 2013 seguem
até a próxima sexta-feira (18). Até agora, foram mais de R$ 2 milhões em
negociações.
G1-RN
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