quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Obra de adutora atrasa e prejudica abastecimento em São José do Seridó

Até as crianças de São José do Seridó, RN, precisam carregar água   (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Quatro quilômetros. Essa é a distância que separa a população de São José do Seridó do sonho de acabar com a constante falta d'água. Os quatro mil metros de tubulação do novo sistema adutor da cidade eram para ter sido entregues no dia 19 de novembro passado, mas um erro no projeto atrasou a conclusão da obra. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), o novo sistema de captação, adução, tratamento e reservação do sistema de abastecimento de água da de São José deve ser concluído em setembro do próximo ano.

Enquanto aguardam pela adutora, os moradores de São José do Seridó atravessam um colapso no abastecimento d'água. "Nós dependemos exclusivamente da chuva para acabar com esse sofrimento. Quando chove, tem vida. Quando passamos por uma estiagem como a atual, apenas sobrevivemos", disse o agricultor José Sabino de Medeiros Filho, de 49 anos.

Seu Sabino mora no assentamento Caatinga Grande, zona rural de São José do Seridó, cidade distante 280 quilômetros de Natal. Enquanto aguarda a chuva ou a conclusão da adutora, o agricultor contabiliza prejuízos e perdas. "Para você ter uma ideia, tudo o que plantei no ano passado e nesse ano eu perdi. Isso porque, sem água, o feijão, o sorgo e o milho que plantei não vingaram. Para piorar, perdi três vaquinhas e quatro ovelhas, que morreram de sede", lamentou.

A situação só não foi pior para Sabino porque, ao perceber que que o quadro da seca estava se agravando, ele decidiu vender parte dos animais que tinha. "Me desfiz de algumas cabeças para poder ter dinheiro para comprar ração e água para os outros que ficaram. Mas tenho fé em Deus que isso irá se resolver em breve".
Placa na entrada da cidade de São José do Seridó, RN, mostra que obra de adutora já deveria ter sido concluída (Foto: Anderson Barbosa/G1)
A água que abastece o assentamento Caatinga Grande vem de carros-pipa. Essa água serve para para os afazeres da casa. Já a água de beber dos cerca de 350 moradores é proveniente de um dessalinizador doado pelo programa Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente.

Mesmo assim, a água é pouca e, sem tratamento, não serve para consumo humano. "A água serve apenas para cuidar dos poucos animais que temos, para algumas plantinhas e para cuidar da casa. A vida é sofrida para quem mora aqui. Já pensei em me mudar para a cidade grande, mas meu marido diz que nasceu aqui e que quer morrer aqui, cuidado da terrinha dele".A adutora de São José do Seridó vai retirar água da barragem Passagem das Traíras, que fica no município vizinho de Caicó. Sem ser beneficiada pela obra, a aposentada Maria Lucidez de Araújo, de 62 anos, não sofre tanto com o colapso no município. Isso porque o sítio dela fica a menos de um quilômetro da barragem. "Cansado de esperar pela adutora, meu marido resolveu construir um sistema para retirar água da barragem e abastecer nossa casa. Foi a única forma que ele encontrou para não morrermos de sede", contou.
G1

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