Apesar dos os sinais de desaceleração da economia, o consumo de
combustíveis e de energia elétrica teve forte crescimento neste início
de ano.
Em janeiro, última informação disponível na ANP (Agência Nacional de
Petróleo), a venda de gasolina e etanol das distribuidoras para os
postos cresceu 10,4% na comparação com igual mês de 2013.
E, no primeiro bimestre, a demanda residencial de eletricidade
aumentou 10,6%, segundo dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Apesar de o governo controlar o preço da gasolina nas refinarias, a
cotação do combustível no posto está em alta, o que confirma a força da
demanda, sustentada pelo emprego e pela renda, ainda em patamares
favoráveis.
Na semana passada, por exemplo, o preço médio do litro de gasolina na
bomba era igual ou maior que R$ 3 em 12 das 27 capitais pesquisadas
pela ANP. Em São Paulo, maior mercado consumidor do País, o litro da
gasolina chegou a ser vendido por R$ 3,599.
É bem verdade que parte da alta se deve à entressafra da
cana-de-açúcar, já que o etanol é misturado à gasolina. No mês passado, a
gasolina subiu 1,90% na cidade de São Paulo, segundo o IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) da Fipe. O etanol ficou 6,33% mais caro em março,
enquanto o IPC teve alta de 0,74%. Já a energia elétrica teve deflação
de 0,02% em março.
A economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Amaryllis Romano, viu impactos positivos nesse cenário.
“Como a desaceleração da economia não bateu no emprego e na massa salarial, o impacto no consumo de combustíveis é positivo”.
Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, o que
explica o avanço do consumo de combustíveis é o aumento da frota de
veículos, apesar da desaceleração da economia. De 2012 para 2013, a
frota nacional aumentou 6%. Foram mais 2,2 milhões de veículos que
demandaram combustíveis.
Para a economista-chefe da consultoria Rosenberg Associados, Thaís
Zara, a política do governo de interferir em dois preços importantes da
economia — o do combustível e da energia elétrica — é o fator que mais
pesou no aumento do consumo.
Em certa medida, pondera a economista, o crescimento da demanda do
consumidor por combustíveis e energia reflete o avanço na venda de bens
duráveis que houve no passado recente, estimulada por benefícios
tributários. Essa política de estímulo ao consumo ampliou a posse de
geladeiras e carros, por exemplo.
“Mas a mudança de preços relativos, provocada pelo controle do
governo nos combustíveis e na energia elétrica, teve maior influência no
aumento do consumo desses insumos”.
A política de subsidiar preços para atenuar o impacto na inflação tem
um custo alto, diz Thaís. No caso da gasolina, reduziu-se a
rentabilidade da Petrobras e isso acabou impactando as finanças do
governo. No caso da eletricidade, a conta por ter cortado a tarifa em
2013 e os problemas climáticos que levaram ao acionamento das térmicas,
que geram uma energia mais cara, começa a aparecer.
“O governo aumentou o imposto sobre bebidas para compensar as despesas com energia. Não tem almoço grátis”.
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