O presidente do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Norte,
Eraldo Paiva, está sendo apontado por articuladores da chapa que teria o
vice-governador Robinson Faria como candidato do PSD a governador nas
eleições deste ano, e a deputada federal Fátima Bezerra, concorrendo ao
Senado pelo PT, como epicentro da possível implosão da chapa, atendendo a
interesses com origem na chapa adversária, liderada pelo PMDB, através
do deputado federal Henrique Alves, pré-candidato a governador, e João
Maia, presidente do PR, vice.
Eraldo tem insistido dentro do PT em favor de uma chapa própria para
disputar as 24 cadeiras de deputado estadual. Nesse sentido, ele defende
que o PT de Fátima não se coligue com o PSD de Robinson na disputa para
a Assembleia Legislativa. Robinson, por sua vez, acredita que a aliança
é essencial para a formação da chapa. O impasse está gerado.
Sob a justificativa pessoal de que será candidato a deputado
estadual, Eraldo tem conduzido, dentro do PT, uma forte corrente que
acredita que elegeria de dois a três deputados estaduais se não fizer
coligação, mas sim, lançando chapa própria, onde diversos nomes do PT
disputariam juntos mandatos de deputado estadual, cada qual ajudando,
com a sua votação, a eleger aqueles que obtiverem mais votos entre os
próprios petistas.
O problema é que coeficiente eleitoral, mínimo de votos para um
partido ou coligação eleger um deputado estadual, calculado com base no
número de eleitores do estado e na quantidade de cadeiras do parlamento,
está cotado a algo como 70 mil votos, volume considerado difícil de ser
atingido pelo PT num reduto onde tradicionalmente o partido mantém-se
como legenda inexpressiva no RN. A tese oposta assegura que, coligado
com outras legendas, o PT teria mais chances de eleger dois ou até três
deputados.
SUSPEITAS
Diante da insistência “kamikase” da tese defendida pelo presidente do
PT, começaram a surgir suspeitas quanto às reais intenções de Eraldo,
que, para não se coligar com o PSD na disputa da Assembleia, tem
defendido uma aliança do PT com outras legendas, como PC do B e o
Solidariedade, partidos alinhados ao palanque do pré-candidato do PMDB
ao governo do Estado.
A participação do PC do B nas eleições deste ano está sendo
coordenada pelo deputado estadual Fábio Dantas, que é filho do prefeito
de São José de Mipibu, Arlindo Dantas (PMDB). Liderado de Henrique Alves
no Rio Grande do Norte, Arlindo já declarou apoio ao atual presidente
da Câmara dos Deputados.
Outra frente de desconfiança que ronda a atuação do presidente do PT
se deve a sua ligação política com o prefeito de São Gonçalo do
Amarante, Jaime Calado (PR). Liderado de João Maia, Jaime teria
interesses em evitar um confronto entre as chapas de Henrique versus
Robinson nas eleições deste ano. Procurado novamente na manhã de hoje
pela reportagem, Eraldo não atendeu nem retornou às ligações.
Outro partido que vem insistindo na tese de aliança com o PT é o
Solidariedade, do deputado estadual Kelps Lima. Ele assegura que pode
haver aliança do Solidariedade com o PT, mas não descarta aliança com o
deputado Henrique. O apoio do Solidariedade a Henrique já teria sido
acertado com o presidente nacional do Solidariedade. E Henrique teria
pedido a Kelps que articule aliança na proporcional com o PT, visando
criar instabilizar na aliança PT/PSD.
Fonte: O Jornal de Hoje
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