Agência Estado
A Copa do Mundo acabou. Pelo menos para Curitiba, Cuiabá, Natal e
Manaus, que não terão mais partidas do torneio. Cada uma dessas cidades
recebeu quatro jogos da primeira fase do Mundial e viveu dias de
efervescência. O balanço oficial feito pelos governantes é que o Mundial
foi positivo e trouxe benefícios aos municípios.
O público total das 16 partidas realizadas nesses estádios foi de
634.102 torcedores, média de 39.631, número muito distante da realidade
dos campeonatos regionais. Agora, de volta à rotina, os governantes
buscam soluções para as arenas.
Natal já faz planos para o seu estádio depois do Mundial. Com a
retirada das arquibancadas provisórias, a Arena das Dunas terá sua
capacidade reduzida de 40 mil para 31 mil espectadores. A ideia é não
deixar o estádio com muitos lugares vazios em dias de jogo, já que ABC e
América, os dois maiores clubes do Estado, têm médias de público
baixas.
No primeiro semestre, a média no estádio foi de pouco mais de 6 mil
torcedores por jogo. Assim, o governo planeja levar shows de grande
porte para a cidade, a fim de manter a arena ocupada. “O Rio Grande do
Norte tem o cenário propício para grandes eventos internacionais, que
têm força para impulsionar o desenvolvimento do turismo”, apostou o
secretário de Esportes, Joacy Bastos.
Pelos próximos 20 anos, o local será administrado por uma Parceria
Público Privada (PPP) entre o Estado e a concessionária responsável pela
obra.
Em Curitiba, a Arena da Baixada se tornou um enorme desafio para o
Atlético Paranaense. A diretoria planeja operar o estádio com média de
público próxima à capacidade total, de 43 mil torcedores. As receitas de
bilheteria serão decisivas para o clube conseguir honrar os empréstimos
feitos durante o período das obras. “A parte mais difícil vem depois da
Copa do Mundo, que é pagar a conta”, admitiu o presidente Mauro Celso
Petraglia.
A previsão inicial era de que a reforma da arena custaria ao clube R$
135 milhões, mas o valor saltou para R$ 330 milhões. O Atlético tenta
dividir a conta com o governo do Estado e a prefeitura de Curitiba, mas
ainda não resolveu o impasse.
Como a reforma atrasou, o estádio foi entregue incompleto à Fifa para a
Copa do Mundo. Agora, o Atlético vai ter mais gastos para terminar a
obra e ainda fazer os trabalhos de adaptação da arena às necessidades do
clube.
Em Manaus o futuro da Arena Amazônia preocupa. O governo do
Estado, proprietário do estádio, já contratou uma empresa que deverá
apresentar nos próximos meses um estudo com as opções mais viáveis de
utilização do espaço.
Atualmente há duas possibilidades: o Estado continua com o estádio e
apenas repassa a operação para a iniciativa privada ou abre licitação
para concessão integral durante o período de 20 anos. Um dos principais
entraves da operação é o alto custo de manutenção, estimado em
aproximadamente R$ 500 mil por mês.
O destino do estádio, inclusive, é motivo de muita polêmica em Manaus. O
Tribunal de Justiça do Amazonas já chegou a sugerir que a arena seja
transformada em um centro de triagem de presos. Há quem defenda que o
estádio, que custou quase R$ 670 milhões, seja vendido.
Em Cuiabá o secretário extraordinário da Copa no Mato Grosso,
Maurício Guimarães, chegou a dizer que, se tivesse de dar uma nota para o
desempenho de Cuiabá no evento, “sem dúvida seria dez”, apesar de
muitas obras de mobilidade urbana não terem sido concluídas. “A Copa do
Mundo no Estado de Mato Grosso passou muito longe do fracasso que todos
acreditavam que seria. Não houve necessidade de um plano B”, disse.
O desafio dos mato-grossenses agora é não deixar que a Arena Pantanal se
transforme em um elefante branco. Já na última quinta-feira, um dia
depois do último jogo da Copa no estádio, o processo de licitação da
arena para concessão à iniciativa privada foi iniciado. Também caberá ao
governador Silval Barbosa (PMDB) conduzir negociações para levar jogos
do Campeonato Brasileiro para Cuiabá nos próximos meses. Tudo para não
deixar o estádio sem utilidade.
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