Um dispositivo que cabe na palma da mão pode significar a esperança
para milhares de mulheres na luta contra o câncer de mama. Criado por
pesquisadores do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da
UFPE, e do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), o
biossensor que detecta a doença precocemente vai participar da iGEM
Competition 2014, em outubro, em Boston, Estados Unidos. O iGEM é uma
competição mundial, criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT) para promover a evolução da biologia sintética.
“O diferencial do nosso modelo é a possibilidade de identificar a
doença antes que ela apareça no exame de imagem”, explica Débora
Zanforlin, biomédica do Lika. O sistema que será apresentado pela equipe
pernambucana foi desenvolvido com a utilização de técnicas de robótica.
Ele usa componentes biológicos para reconhecer as células cancerígenas
no sangue. “Essas células produzem determinadas substâncias que serão
identificadas pelo biossensor”, esclarece.
Hoje, o câncer de mama é detectado por exames de imagem como a
mamografia e a ultrassonografia de mama. “O problema é que só dá para
ver o tumor quando está com um tamanho razoável e, em se tratando de
câncer, quanto mais rápido for detectado, maior as chances de cura”, diz
a biomédica.
O biossensor funciona com o auxílio de um robô, desenvolvido pelo
Cesar, que trata e prepara a amostra de sangue para o exame. Só depois
ela vai para o dispositivo. “No futuro, pretendemos desenvolver um
equipamento portátil que possa ser levado a qualquer parte”, revela
Filipe Villa Verde, da equipe do Cesar. “A ideia é colocar o sangue
direto no biossensor.”
O mastologista acredita que o biossensor pode revolucionar o processo
de detecção e diagnóstico do câncer de mama, especialmente no Sistema
Único de Saúde (SUS). “Imagine fazer um exame desses sem custo nenhum
para dar o diagnóstico precoce da doença. É fantástico!”, exclama,
lembrando que as pesquisas genéticas, como a que fez a atriz Angelina
Jolie, são de alto custo.
Mastologista do Hospital Oswaldo Cruz, o médico João Esberardi lembra
que o câncer de mama é o de maior evidência e o que mais causa morte de
mulheres, pois não há como preveni-lo. Embora prefira esperar os
resultados para fazer comentários, ele espera que a pesquisa do Lika e
Cesar seja bem-sucedida. “Tudo que for feito para o diagnóstico precoce
do câncer de mama é válido.” O Instituto Nacional de Câncer estima que
sejam registrados mais de 57 mil novos casos da doença este ano. Os
pesquisadores criaram um hotsite que reúne mais informaçoes sobre o
projeto. O endereço é www.biossensores.org
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