A Academia Nacional de Medicina divulgou nesta terça-feira, dia 4,
nota em que faz críticas às providências tomadas pelo Ministério da
Saúde para controlar a entrada no Brasil de pessoas infectadas pelo
vírus ebola.
O texto é assinado por quatro médicos, que se manifestam em nome da
entidade: José Rodrigues Coura, José Carlos do Valle, Gerson Canedo de
Magalhães e Celso Ramos Filho.
"O grande risco para o Brasil está nos acessos por terra. No sul,
africanos de diferentes países - inclusive aqueles com epidemia de ebola
- continuam chegando sem o menor controle. Em Caxias do Sul (RS) existe
uma associação específica destinada ao acolhimento social e que
providencia empregos para esses imigrantes", diz o texto.
No documento, a Academia Nacional de Medicina sustenta considerar
"mais grave ainda" a "entrada dos oriundos do oeste da África,
principalmente do Senegal e Nigéria (poucos de Serra Leoa), através de
rota por avião Dakar-Madri-Equador, que entram neste país (Equador) sem
necessidade de visto".
"Segundo a Polícia Federal brasileira, os imigrantes mais pobres são
cooptados por coiotes, que lhes acenam com possibilidade de emprego no
Brasil (Acre). Utilizando táxis, viajam até o Peru ou a Bolívia e daí, à
noite, chegam a Rio Branco sem serem importunados. Isto já foi
denunciado e as providências efetivas não foram tomadas. É a tragédia
anunciada", denuncia a entidade.
Urge das autoridades providências em todos os sentidos: dos
Ministérios da Saúde, Justiça - intensificando a vigilância por terra
nas fronteiras durante as 24 horas -, Relações Exteriores - maior rigor
no controle de vistos e emissão de passaporte daqueles oriundos das
regiões mais acometidas -, e outros mais que, a juízo do Poder
Executivo, possam agir de forma integrada para conter esta temível
infecção.
O texto recomenda que o Ministério da Saúde "aconselhe as Secretarias
Estaduais de Saúde a tomar providências de vigilância e atenção médica
para eventuais casos da doença" e afirma que será difícil realizar
exames laboratoriais em Belém e oferecer atendimento médico em um único
hospital do Rio de Janeiro.
"A estrutura de atendimento aos doentes não pode ser concentrada, tem
que haver capacidade de atendimento em todo o País", afirma o
infectologista Coura, um dos autores da nota. (Estadão)
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