sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Seis deputados estaduais disputam a presidência da Assembleia Legislativa do RN.

A eleição para a presidência da Assembleia Legislativa do RN está marcada para o início de fevereiro. Será a primeira ação da nova legislatura. Contudo, desde já, essa disputa está tomando os bastidores da política potiguar, principalmente, porque o cenário ficou totalmente indefinido após a derrota do candidato do PMDB, Henrique Eduardo Alves, e a vitória de Robinson Faria, do PSD. Seis deputados estaduais eleitos têm chances de assumir a cadeira de presidente, atualmente ocupada por Ricardo Motta (PROS).

E o atual presidente é, justamente, um desses postulantes a presidência. Com a reeleição permitida (votaram no primeiro semestre deste ano exatamente com essa intenção), Ricardo Motta tinha “vida fácil” se Henrique tivesse ganhado o Governo do Estado. Afinal, contra ele ficaria apenas o ex-presidente da Assembleia, Álvaro Dias, do PMDB. Como Henrique perdeu, Ricardo perdeu o “poder de pressão” que poderia partir do governador eleito e, dessa forma, vai ter que articular, basicamente sozinho, a sua reeleição.

É bem verdade que Ricardo Motta ainda continua como favorito, afinal, ele foi o deputado estadual mais votado (mais de 80 mil votos) e ajudou na reeleição de muitos dos nomes que conseguiram se manter na Assembleia. No entanto, agora, a concorrência aumentou e a reeleição está ameaçada. Álvaro Dias segue candidato e nomes como Ezequiel Ferreira (PMDB), Gustavo Carvalho (PROS), Galeno Torquato (PSD) e José Adécio (DEM) ganharam força.

Ex-presidente da Assembleia, Álvaro Dias é um dos que já tenta articular sua volta ao cargo de chefia do Legislativo Estadual, mas sofre para conseguir a unidade do próprio partido, uma vez que Ezequiel Ferreira também pode ser candidato e, aparentemente, goza de maior simpatia por parte dos eleitos pelo PMDB – e de outros partidos.

Nenhum desses três, no entanto, tem a seu favor o fato de ter sido aliado de Robinson Faria. Galeno, Gustavo e José Adécio sim – estes dois últimos, só no segundo turno. Galeno teve a candidatura lançada esta semana, com o apoio do prefeito de Mossoró, Francisco José Júnior. Ele, porém, não tem poder de voto na Assembleia e, dessa forma, Galeno teria poucas chances de, sendo um novato na Casa, conseguir agregar forças suficientes para se eleger.

Gustavo Carvalho seria o nome mais forte dos que estão do lado de Robinson. Contudo, a eleição dele é vista com maus olhos por alguns setores da Casa. Primeiro pela repercussão interna: Gustavo foi eleito com o apoio de Ricardo Motta e se lançaria candidato, justamente, contra o atual presidente. Além disso, ele também não é unanimidade nem dentro do próprio PROS e poderia não conseguir nem mesmo viabilizar todos os votos do partido, levando a sigla a ficar dividida e, até, na oposição a Robinson Faria.

Além disso, tem o “fator externo”. Gustavo Carvalho carrega na bagagem a condenação por superfaturamento da Ponte Newton Navarro, da gestão Wilma de Faria. Há quem tema que isso possa dificultar o trabalho na próxima legislatura.

Por isso que, apesar de Gustavo Carvalho estar mais “forte” nessa disputa, ainda há espaço para uma terceira via dos que estão ao lado de Robinson Faria: José Adécio. O deputado estadual eleito pelo DEM já foi presidente e contaria com o apoio de parte dos parlamentares caso fosse candidato – tem certo prestígio e conta com a simpatia, até, do atual presidente.

O problema é que a candidatura dele só ganharia força se fosse com o apoio do governador eleito e, para isso, ele teria que contar com a manutenção do distanciamento entre aqueles que são “mais fortes”, mas que foram eleitos pelo lado de Henrique – como Ricardo Motta, Álvaro Dias e Ezequiel Ferreira.

Caso isso aconteça, José Adécio segue como nome com chances de ser eleito presidente. Caso haja essa aproximação, ele deverá sair do páreo, até porque, com a volta de Dibson Nasser para a Casa, Adécio ficará sem mandato na Assembleia até o início de fevereiro e, consequentemente, terá dificultado o seu trabalho de articulação nos bastidores da Casa.

Portanto, apesar de haver seis nomes em discussão para presidir a Assembleia, a indefinição é o que há de mais certo nesse momento. Há também a posição do futuro governador Robinson Faria, que passou 24 anos como deputado estadual e conhece a Assembleia como ninguém, além de saber como funcionam as articulações. Afinal, o governador eleito foi presidente em quatro oportunidades e ainda não sinalizou apoio a nenhum nome posto.
 
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