domingo, 21 de dezembro de 2014

Sem chuva, Cantareira chega a abril com -33%

Sem chuva, Cantareira chega a abril com -33%
Aguardadas neste verão como a salvação do colapso do Sistema Cantareira, as chuvas dentro da média não acontecem no maior manancial paulista desde julho de 2012. Há 28 meses, os reservatórios têm recebido menos água do que o esperado, segundo os registros oficiais das vazões afluentes, que é a água que corre pelo leito. Durante todo este ano, o volume que entrou equivale à metade das mínimas históricas em 84 anos de medição. Simulações feitas pelo especialista em recursos hídricos José Roberto Kachel, a pedido do Estadão, mostram que, se a crise de estiagem persistir, o Cantareira chegará ao final de abril de 2015 com -33% da capacidade. Isso significa que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já terá retirado 45 bilhões de litros da terceira cota do volume morto para abastecer cerca de 6,5 milhões de pessoas da Grande São Paulo que ainda dependem do manancial. 
Hoje, o nível do sistema está negativo em 21%, considerando a segunda cota da reserva profunda. Pelo atual cenário, o Cantareira chegaria no próximo período de estiagem, que vai até setembro, em uma situação bem pior do que a de abril deste ano, quando as represas computavam 10% da capacidade positiva. Restariam cerca de 150 bilhões de litros para secar o manancial completamente. O governo Geraldo Alckmin (PSDB), contudo, acredita que a entrada de água no sistema deve se normalizar neste verão. Em setembro, o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, que deixará o cargo em janeiro, disse que se chover o esperado o Cantareira estaria 100% recuperado em um ano. Segundo ele, a chance de isso acontecer é de 50%. 

As simulações mostram que se a vazão voltar mesmo à média histórica, o sistema chegará ao final de abril de 2015 com 22% da capacidade, melhor do que no mesmo período deste ano. Em outubro e novembro, porém, as entradas de água ficaram 80% abaixo da média. Neste mês, até a semana passada, a vazão correspondia a apenas 17% do esperado, uma diferença de 39,4 mil litros por segundo, ou 105 bilhões de litros no fim de dezembro. 
 
Agência Estado

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