Apesar de o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e do
diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes
Chipp, negarem que o blecaute de segunda-feira (19), esteja associado à
falta de energia, há outras versões para o ocorrido. Um técnico do
governo, que não pode se identificar, explicou ao jornal O Estado de S.
Paulo que a origem do problema foi o elevado consumo do estado de São
Paulo, que superou todas as previsões para o dia.
A disparada da carga (consumo mais perdas) no estado começou na volta do
almoço do paulista, depois das 14h. Com o consumo em alta, superior à
geração, a frequência (de 60 hertz) caiu e, automaticamente, algumas
usinas saíram do sistema. Com isso, foi necessário acionar o chamado
"controle de alívio de carga", que desliga algumas cargas previamente
definidas pelas distribuidoras, afirmou o técnico. "Foi algo
inesperado."
De acordo com os relatórios do ONS, a carga programada para
segunda-feira no subsistema Sudeste/Centro-Oeste era de 43.850 megawatts
(MW) médios. Mas o verificado foi de 44.853 MW médios - mais de 1 mil
MW médios acima do planejado. No Nordeste, onde também houve recorde de
consumo, essa diferença foi de apenas 7 MW médios.
Segundo o técnico, na semana passada, o sistema já havia sido testado
com outro recorde de consumo, mas o ONS conseguiu segurar a carga. Entre
os dias 12 e 17 de janeiro, no entanto, as diferenças máximas entre a
carga programada e a verificada no Sudeste/Centro-Oeste foi de, no
máximo, 582 MW médios.
Uma surpresa boa, na segunda-feira, que evitou um problema ainda mais
grave foi a geração dos parques eólicos, especialmente os do Nordeste.
Na máxima do dia, às 14h48, as eólicas produziram 2.057 MW. Em
compensação, as termoelétricas produziram 774 MW menos que o programado,
por causa de menor disponibilidade de combustível, menor rendimento das
unidades geradoras e manutenção. Se o calor deste ano seguir a
tendência do ano passado, o País poderá ter novos problemas pela frente.
Em 2014, os picos de carga ocorreram em fevereiro, lembrou um executivo
do setor.
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