O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) admitiu nesta sexta-feira,
23, que “está claro” que a gravação com conversa telefônica que teria
objetivo de comprometer o peemedebista “é uma montagem”. O parlamentar
encaminhou a gravação, atribuída a integrantes da Polícia Federal (PF),
ao Ministério da Justiça pedindo a abertura de investigação porque disse
ser vítima de “armação” em meio disputa acirrada com Arlindo Chinaglia
(PT-SP) pela Presidência da Câmara. Cunha afirmou que a “montagem” pode
ser resultado de uma “briga de facções”, sem especificar de onde são
essas facções.
“Está claro, como eu sabia, que é uma montagem”, disse Cunha ao
receber título de cidadão honorário de Belo Horizonte, na Câmara da
capital. “Agora eles (PF) apurem onde aquela montagem ia aparecer, como
ela surgiu e quem a fez. É importante esclarecer isso para a sociedade.
Não dá mais para, em todo processo eleitoral, aparecerem coisas dessa
natureza”, acrescentou o peemedebista. A divulgação da suposta armação
aumentou a tensão entre Cunha e apoiadores da candidatura de Chinaglia,
que seria beneficiado pelo envolvimento do peemedebista em denúncias.
Mas Cunha ressaltou que em nenhum momento “fez avaliação” da
gravação, assim como não acusou “quem quer que seja” de estar por trás
do caso. “Se eu estivesse acusando o governo (de envolvimento na
armação), não teria entregue ao governo, através do Ministério da
Justiça, para investigar. Se eu estivesse acusando o governo, teria
entregue ao Ministério Público”, salientou. “Relatei o que me falaram.
Não assumi a versão de quem me entregou”, completou, referindo-se ao
policial federal que teria lhe entregue a gravação em seu escritório no
Rio de Janeiro.
Eduardo Cunha alegou que o agente passou mais informações sobre o
caso, mas que o peemedebista optou por não tornar públicas porque não
“cometeria a irresponsabilidade de macular o nome de quem quer que seja
sem prova”. “Relatei ao ministro da Justiça coisas mais que não falei
publicamente, porque eu não queria expor nomes sem qualquer prova.
Poderiam estar sendo vítimas de qualquer tipo de briga de facções. Não
farei isso”, disse o deputado, que revelou ter nova audiência marcada
para terça-feira, 27, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Estadão Conteúdo
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